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Drama 140 min 2004 M/12 09/03/2006 FRA, JAP, China

Título Original

Shijie

Sinopse

Tao está a viver um sonho no World Park, um lugar onde os visitantes podem ver monumentos internacionais famosos sem saírem dos subúrbios de Pequim. A bela e jovem dançarina e as suas amigas executam diariamente no parque espectáculos com temas sumptuosos, entre réplicas do Taj Mahal, da Torre Eiffel, da Praça de São Marcos, do Big Ben e das Pirâmides do Egipto. Tao e seu namorado, Taisheng, que trabalha como segurança no parque, mudaram-se há alguns anos para a cidade grande, vindos das províncias do Norte. O seu relacionamento entrou agora numa encruzilhada. Taisheng apaixonou-se por Qun, uma "designer" de moda que conhece numa viagem de regresso a casa. As companheiras de Tao têm as suas próprias viagens sentimentais. Xiaowei questiona o seu futuro com o seu namorado irresponsável, Niu. Entretanto, Youyou usa o romance como vantagem para as suas ambições profissionais. Nem todos os que vêm para Pequim com esperanças podem arranjar um emprego onde os jogos de SMS sejam aceites como parte da vida diária. Muitos, como o artífice Erxiao, experimentam uma realidade muito mais áspera. Mas, apesar do divertimento e da magia, mesmo os microcosmos do parque são vulneráveis à mudança. Para Tao e os que estão em torno dela, haverá casamentos e separações, lealdades e infidelidades, alegrias e tragédias. "The World" é a terceira longa-metragem de Jia Zhang-ke. PÚBLICO

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Críticas dos leitores

Quando a política se sobrepõe à estética

Jorge Rosa

Eu devia ter desconfiado. Um filme oriental que recebe apenas três estrelas dos críticos do jornal em vez do "mínimo obrigatório" de pelo menos quatro? Ao fim de cerca de metade da duração, e enquanto saía da sala por total falta de paciência para continuar com o acto masoquista que seria ver o filme até ao final, percebi tudo. Três estrelas é uma espécie de esmola, um prémio ao realizador por ser um "enfant terrible" perante o regime chinês. Mas ao contrário do que diz uma das críticas, não é por isso que o filme saiu de exibição, no país de origem, ao fim de poucos dias, e sim por manifesta falta de qualidade. Dir-se-á que a ideia é fabulosa. E é, tal como o poderia ser também o uso de pequenas sequências oníricas de animação. Mas não é de ideias que vive nenhuma obra artística, seja ela qual for (livro, filme, ...). E havia verdadeiros diamantes em bruto (nos locais, nas histórias, nas personagens) que foram simplesmente lançados ao fundo do mar por falta de jeito em trabalhá-los... <BR/><BR/>Dir-se-á que o estilo desconexo é deliberado. Até pode ser, mas entre uma opção estética e a sua execução vai um "mundo" (sim, um mundo, real ou artificial!) de distância. E não é por um filme ter sido feito com um orçamento reduzido que se pode perdoar essa fraca execução. Deixar que um critério político sirva para ofuscar as fraquezas estéticas de um filme é prestar um mau serviço ao público e ao próprio realizador, que qualquer dia emigra para a Europa que tanto o louva só para ser devorado por uma indústria que já não vai precisar dele como voz crítica dum regime num lugar exótico. Fica portanto o aviso ao potencial espectador: filmes chineses, arménios, iranianos, etc., só mesmo se houver a unanimidade das cinco estrelas. O resto é, como já o disse acima, esmola.
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Labirinto

isabelcarreira

A narrativa introduz o espectador num labirinto ao pretender encaixar histórias a que correspondem microcosmos experimentados pelas personagens. Porém, a narrativa surge "destemporalizada" e desconexa entre as personagens, onde os cenários contribuem para um retrato que esvazia qualquer traço existencial para além do "nada".
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Um filme estranho

Frederico F

Não foi dos piores filmes que já vi porque existem bem piores. Mas este filme é daqueles que se o apanhamos na TV, mudamos de canal ao fim de cino minutos. O filme começa bem, com umas imagens interessantes que, depois de vermos o local onde se vai passar toda a história, nos levam a pensar que vai ser interessante. Ao fim de uns minutos é que nos apercebemos que o filme é uma grande seca, sem interesse nenhum, sem ligação nenhuma entre as personagens, com uma história interminável para nos passarem a mensagem de uma coisa apenas: nada!
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Dos piores filmes que já vi

Filipa Sanches

Recomendo que não vejam este filme. Vi-o até ao fim na esperança que pudesse sair de lá com outra impressão que não a primeira. O filme é mesmo muito mau.
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Valente seca

Mário Nunes

Uma porcaria que os críticos gabam para brindarem os espectadores com uma valente seca. Típico... Assim, os espectadores afastam-se definitivamente das salas de cinema.
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Angústia e alienação

Rita Almeida (http://cinerama.blogs.sapo.pt/)

"The World" cruza diversas existências que têm como ponto de ligação um parque temático em Pequim/Beijing, o World Park, retratando várias cidades mundiais reduzidas à escala. Os cenários vão de uma esplanada na Torre Eiffel, ao Taj Mahal e às pirâmides do Egipto, passando pela Praça de São Pedro em Roma ou a Torre de Pisa, e ainda por Manhattan com as suas torres gémeas. O World Park destina-se sobretudo aos turistas chineses, que assim podem visitar o mundo sem terem de sair de casa. Neste microcosmos habita um casal de namorados, Tao (Tao Zhao) e Taisheng (Taisheng Chen), ela bailarina e ele segurança. O romance atribulado e desapaixonado deles é a força dramática da história. Tao ama Taisheng, mas o facto de ela recusar uma entrega física leva-o a procurar algo mais. Pelo seu lado, Tao deseja uma vida melhor, apesar de mal conseguir conjecturar o que seria viver fora daquele mundo manufacturado.<BR/><BR/>Esta narrativa cruza-se depois com outras histórias: um grupo de bailarinas colegas de Tao que vem da Rússia e donde se destaca Anna; vizinhos da cidade natal de Taisheng que vêm em busca de trabalho; Qun (Yiqun Wang), uma mulher casada com quem Taisheng se cruza no seu "part-time" como moço de recados para um criminoso local; a relação problemática de Xiaowei (Jue Jing) e Niu (Zhongwei Jiang). Mas, como o mundo gira, também "The World" acaba sempre por voltar à história de Tao e Taisheng.<BR/><BR/>Vivendo confinadas ao seu "mundo", todas estas são personagens à deriva, deslocadas dentro de si próprias e com os seus companheiros. Mas paira no ar a vontade e, ao mesmo tempo, a incapacidade de sair dele: Anna, que pretende ir ter com a sua irmã a Ulan Bator, e Qun, que quer ir ter com o seu marido a França. Apesar de nenhum deles ter nunca saído da China (o único viajante, que surge no início do filme, é o ex-namorado de Tao), o mundo onde eles vivem, comem, dormem, é completamente estrangeiro. Rodeados pelo resto do mundo no meio da sua terra, quase parece que não fazem parte de sítio algum. Estão desligados da sua cultura, mas são incapazes de se ligarem a qualquer das culturas existentes à sua volta.<BR/><BR/>Este filme acaba por ser uma metáfora sobre a angústia e confusão da juventude chinesa, um tratado subtilmente irónico sobre a alienação numa China actual, crescendo rapidamente e tentando tornar-se um dos jogadores principais do mercado. Como resultado existe uma certa perda de identidade, das tradições, do valor humano e das relações. Uma sociedade onde a principal comunicação é feita por mensagens. Apenas Tao rompe com esta norma, estabelecendo uma relação honesta com Anna. E apesar de não falarem a mesma língua, conseguem entender-se e partilhar pedaços da vida uma da outra.<BR/><BR/>Apesar dos seus 133 minutos, este filme agarra-nos até ao final. Para muito contribui a introdução de animação nos momentos em que os personagens trocam mensagens entre telemóveis. A opção de Jia Zhang-ke é uma solução engenhosa e muito bem conseguida.<BR/><BR/>Este mundo simulado (com o paralelismo da reprodução da roupa ocidental) promete aos seus visitantes ser "um mundo novo cada dia", mas Jia Zhang-ke evoca momentos redundantes que nos mostram que todos os dias são mais ou menos iguais para as pessoas que o habitam.<BR/><BR/>Ele próprio parece hipnotizado pela própria metáfora, perdendo-se por vezes em longos planos deste mundo em miniatura, como um turista. E mesmo quando espreita a cidade lá fora, volta a correr para o mundo construído. Mas Jia Zhang-ke aborda todo o tema com muita subtileza (talvez por isso este tenha sido o seu primeiro filme a não ser banido na China), o que permite que esta história continue a crescer já depois de ter terminado.<BR/><BR/>E fica um pensamento final: é só quando conseguimos derrubar a barreira imposta pelos nossos mundos individuais e confiamos nos conceitos básicos e comuns da Humanidade que conseguimos de facto comunicar. Nota: 4/5.
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