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24 City
Título Original
Er shi si cheng ji
Realizado por
Sinopse
Chengdu, China. Uma fábrica estatal de produção de motores de aviões, fecha e demite todos os seus 420 empregados para que seja construído no local o "24 City", um condomínio de apartamentos de luxo. A partir daqui o realizador revisita o passado através três gerações de trabalhadores daquela fábrica e, através das histórias de oito pessoas, conta os últimos 50 anos da História da China.<br/>
Misturando muitas imagens de arquivo e entrevistas com representação, Jia Zhang-ke ("Plataforma", "Prazeres Desconhecidos", "O Mundo", "Still Life - Natureza Morta") cria um "documentário ficcionado" sobre a(s) história(s) do seu país.<p/>PÚBLICO
Críticas Ípsilon
Críticas dos leitores
A China em Mudança
Fernando Costa
“24 City” é um filme que rouba a estrutura ao documentário para mais eficazmente transmitir a sua mensagem "real" de uma China em mudança e atinge os seus objectivos. O multi-premiado realizador Chinês Jia Zhang-Ke, depois de incursão em curtas, longas e documentários, de em 2006 ter consigo a proeza de conquistar no Festival de Veneza o Leão de Ouro para a longa-metragem “Sanxia haoren” (2006) e 2 prémios para o seu documentário “Dong” e de ter em 2007, no mesmo Festival, recebido mais um prémio para o documentário “Wuyong”, regressa com outra longa-metragem “24 City” (filme de 2008; entretanto já há mais uma curta e um documentário). Jia Zhang-Ke, também co-autor do argumento, usa o encerramento da fábrica estatal 420 (fábrica unidade militar) em Chengdu e a reconversão da área num enorme complexo urbanístico habito/comercial de nome “24 City” (nome "emprestado" de um poema antigo) como ponto de partida. A versatilidade de ficcionista e documentarista são tão mais importantes quanto “24 City” é um filme que rouba a estrutura ao documentário e funde o documentário com a “ficção”. Jia Zhang-Ke filma em estilo de entrevista (umas reais de trabalhadores da fábrica, outras “ficcionais” interpretadas por actores) várias “personagens” de gerações diferentes que contam as suas experiências de vida, tendo todas elas alguma relação com a fábrica referida. A fábrica serve como ponto de união entre as “personagens” mas também como um símbolo de uma China em mudança; essa mudança está patente no diferente tipo de discurso, experiência e expectativas (ou ausência delas) que as várias personagens geracionais vão revelando nas “entrevistas” que se sucedem no grande ecrã. Se no inicio o filme parece monótono, à medida que vai avançando a obra vai ganhando consistência e unidade. Fazendo a ligação entre as entrevistas existem pequenos trechos que mostram a destruição da fábrica, bem como o novo projecto a implementar e acompanhamos pequenos momentos de algumas das personagens entrevistadas. Para além disto usam-se também canções e/ou frases de poetas de nacionalidade chinesa mas não só. Se através das palavras das suas “personagens” nas entrevistas Jia Zhang-Ke consegue por em evidência uma China em mudança, provando a adequação do formato do filme, com os trechos entrepostos entre as entrevistas, que nunca são gratuitos, reforça a mensagem e a reflexão através das imagens e da arte da música e da poesia. A mudança chinesa não é só económica, quer a China queira ou não, está a sofrer uma mudança cultural sendo inevitável alguma "ocidentalização/globalização" da nova geração. E é aqui que o real e o "ficcional" ganham significado ficando a sensação de haver um misto dos dois na história da mudança chinesa. Bom filme. ***2,5 (3/5)
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