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O Lago Perfeito

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Thriller, Terror 91 min 2009 M/18 02/04/2009 GB

Título Original

Eden Lake

Sinopse

Jenny é professora em Londres e decide ir passar um fim-de-semana com o namorado à beira de um lago. Mas o que deveria ser um fim-de-semana perfeito e tranquilo torna-se num pesadelo.<p/>PÚBLICO

Críticas dos leitores

4*

Os Filmes de Frederico Daniel

Muito bom mesmo.
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O Lago Perfeito

Carlos Natálio/c7nema.net

A estreia na realização de James Watkins tem como principal virtude a possibilidade de reflectir sobre a forma como a ficção cinematográfica acompanha, e se apropria, dos acontecimentos do real que vão fazendo a agenda política da contemporaneidade. Um bom exemplo foi o boom do terrorismo, a nova “ameaça”, convertida em adolescente presença ficcional com todos os seus sub-enredos ainda pouco burilados. Em “Eden Lake”, as atenções viram-se para o retrato de um novo fenómeno muito presente na Grã-Bretanha actual: a violência incontrolada levada a cabo por grupos de bullies - jovens, sobretudo de zonas suburnanas, que provocam desacatos em típicos rituais adolescentes de afirmação. Agora, quando o terror encontra um território virgem para a ficção de que forma resolve explorá-lo? O que é o novo factor de ameaça, o grupo de bullies, é exponenciado e erigido a uma “Ameaça” com maiúscula. Os seus alvos, as vítimas, são no caso, um casal de classe média alta que resolve ir passar um fim-de-semana tranquilo no paraíso resguardado que é Eden Lake. O que começa então por ser um incidente próprio de rebeldes adolescentes a irritar pessoas mais velhas escala numa perseguição violenta de vida ou morte. É bom de ver que a simples sinopse de “Eden Lake” indicia uma fórmula. Os seus primeiros minutos apenas confirmam isso. Não há que enganar, o único elemento novo, que encaixa menos, é precisamente essa nova corporização das forças do mal. O que nos leva à discussão inicial. Como lida geralmente a sétima arte com um novo universo? A estratégia mais segura para trazer ao grande ecrã um fenómeno novo é certamente rodeá-lo de elementos reconhecíveis. Por isso, na obra de Watkins tudo nos soa a dejá vu. Como se fosse necessário uma planície de superficialidade para reconhecer uma ilha de originalidade. “Eden Lake” confirma assim que a originalidade da premissa de uma obra pode ser uma armadilha. Ou por outra, a originalidade como ponto de partida, e não de chegada, pode contaminar o todo e caminhar rapidamente para um cliché artístico. Partindo do que é original para chegar ao vulgar. Mas mais do que isso. Se o embrulho de uma nova realidade for feito, como é o caso, num preparado de clichés, o que pode ser uma estratégia de facilitismo pode levar a resultados improvavelmente delicados. Porque caminhar por clichés é caminhar por concentrados de ideias que por vezes dão passos maior do que as pernas. Queremos com isto dizer que a superficialidade da caracterização dos universos em contraposição: o universo ameaçador/ameaçado ou bullies/casal de classe média acaba por se fazer, ou indiciar, como uma batalha de classes. Desta forma, o verdadeiro terror de “Eden Lake” é o da possibilidade afrontosa do espectador extrair uma justificação moral simplista para a violência dos jovens em causa. Pensar que a origem do seu mal está na educação e ambiente familiar que os rodeiam. Como escandalosamente sugere o final do filme. O que se pede ao espectador avisado é que consiga ver para além do que nos é dado e que a sua inteligência rapidamente esqueça o que “Eden Lake” acaba por exemplificar. Que é: “vejam o que vos pode acontecer, pessoas de classe média se viverem em ambiente tipicamente suburbano. Vejam como eles vivem e no que se tornam.”. Ver a outra classe como o “mal”, ainda que passe com uma certa estratégia de identificação de “Eden Lake” com o seu público-alvo que é a classe média, é um passo descuidado de quem lida com clichés como meras peças de lego.2/10
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O Lago Perfeito

Carlos Natálio/c7nema.net

A estreia na realização de James Watkins tem como principal virtude a possibilidade de reflectir sobre a forma como a ficção cinematográfica acompanha, e se apropria, dos acontecimentos do real que vão fazendo a agenda política da contemporaneidade. Um bom exemplo foi o boom do terrorismo, a nova “ameaça”, convertida em adolescente presença ficcional com todos os seus sub-enredos ainda pouco burilados. Em “Eden Lake”, as atenções viram-se para o retrato de um novo fenómeno muito presente na Grã-Bretanha actual: a violência incontrolada levada a cabo por grupos de bullies - jovens, sobretudo de zonas suburnanas, que provocam desacatos em típicos rituais adolescentes de afirmação. Agora, quando o terror encontra um território virgem para a ficção de que forma resolve explorá-lo? O que é o novo factor de ameaça, o grupo de bullies, é exponenciado e erigido a uma “Ameaça” com maiúscula. Os seus alvos, as vítimas, são no caso, um casal de classe média alta que resolve ir passar um fim-de-semana tranquilo no paraíso resguardado que é Eden Lake. O que começa então por ser um incidente próprio de rebeldes adolescentes a irritar pessoas mais velhas escala numa perseguição violenta de vida ou morte. É bom de ver que a simples sinopse de “Eden Lake” indicia uma fórmula. Os seus primeiros minutos apenas confirmam isso. Não há que enganar, o único elemento novo, que encaixa menos, é precisamente essa nova corporização das forças do mal. O que nos leva à discussão inicial. Como lida geralmente a sétima arte com um novo universo? A estratégia mais segura para trazer ao grande ecrã um fenómeno novo é certamente rodeá-lo de elementos reconhecíveis. Por isso, na obra de Watkins tudo nos soa a dejá vu. Como se fosse necessário uma planície de superficialidade para reconhecer uma ilha de originalidade. “Eden Lake” confirma assim que a originalidade da premissa de uma obra pode ser uma armadilha. Ou por outra, a originalidade como ponto de partida, e não de chegada, pode contaminar o todo e caminhar rapidamente para um cliché artístico. Partindo do que é original para chegar ao vulgar. Mas mais do que isso. Se o embrulho de uma nova realidade for feito, como é o caso, num preparado de clichés, o que pode ser uma estratégia de facilitismo pode levar a resultados improvavelmente delicados. Porque caminhar por clichés é caminhar por concentrados de ideias que por vezes dão passos maior do que as pernas. Queremos com isto dizer que a superficialidade da caracterização dos universos em contraposição: o universo ameaçador/ameaçado ou bullies/casal de classe média acaba por se fazer, ou indiciar, como uma batalha de classes. Desta forma, o verdadeiro terror de “Eden Lake” é o da possibilidade afrontosa do espectador extrair uma justificação moral simplista para a violência dos jovens em causa. Pensar que a origem do seu mal está na educação e ambiente familiar que os rodeiam. Como escandalosamente sugere o final do filme. O que se pede ao espectador avisado é que consiga ver para além do que nos é dado e que a sua inteligência rapidamente esqueça o que “Eden Lake” acaba por exemplificar. Que é: “vejam o que vos pode acontecer, pessoas de classe média se viverem em ambiente tipicamente suburbano. Vejam como eles vivem e no que se tornam.”. Ver a outra classe como o “mal”, ainda que passe com uma certa estratégia de identificação de “Eden Lake” com o seu público-alvo que é a classe média, é um passo descuidado de quem lida com clichés como meras peças de lego.2/10
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