Aproveitando o facto de felizmente ainda haver espaços públicos como esta página, que convida os internautas a uma participação interessada e consciente, venho aqui deixar por escrito a minha indignação por filmes como este, de um senhor do cinema documental, veterano com quem temos todos a aprender como é o caso de Frederick Wiseman estar em cartaz UMA semana (1), NUMA (1) sala de Lisboa, com UM (1) só horário. E não me venham falar das dificuldades na distribuição e exibição em sala, dos lucros ou falta deles, da dinâmica dos padrões de consumo e que são as leis de mercado que assim o determinam. Pois se o liberalismo selvagem tudo manda tal só pode ser contrariado através de uma vontade política consciente e declarada, uma vontade de exercício activo da cidadania, actos concretos. Dos distribuidores, dos exibidores, dos secretários de estado, dos ministros da cultura. <br />O cinema encarado como uma mera acumulação de blockbusters NÃO É cinema. É entretenimento. E tudo bem com isso. Mas tudo mal se for o único cinema disponível. Se hoje em dia o mercado se tornou tão diverso e há tantos filmes e tão diferentes a passar em tantos formatos (net, televisão) porque não pensar novas estratégias de fazer chegar filmes "menos óbvios" ao grande público? Porque é que só me oferecem Alitas e Dead Triggers e Black Panthers a toda a hora e em todo o lado se eu quero assistir a cinema de autor que só está em cartaz uma semana numa sala de cinema com um só horário?? <br />Porque é que me oferecem barulho se eu procuro reflexão? <br />Porque é que o espaço público se tornou sinónimo de entretenimento a todo o custo???