A comunidade da beira-mar da pequena cidade do Maine, em Belfast, é retratada por Frederick Wiseman a partir das cento e dez horas de material filmado ao longo de oito semanas e montado durante vários meses. 

 

A representação da vida daquela população naquele lugar é exemplar do seu trabalho de longo curso: a observação de uma América como território cinematográfico por explorar ocupa Wiseman desde os anos 1960. 

 

A sua prolixidade e a sua originalidade assentam num olhar sobre instituições públicas como a escola, a saúde, o estado social, a indústria alimentar, e micro-comunidades como uma biblioteca, um museu ou uma pequena urbe. No caso deste filme, o foco é posto no modo como a comunidade, eminentemente pobre, se relaciona com as instituições. 

 

“As cidades pequenas são muito características da vida americana. […] Belfast é um sítio complicado e quatro horas arriscam não atingir a sua complexidade” (F. Wiseman). Texto: Cinemateca Portuguesa