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Meu Filho, Olha o Que Fizeste

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Drama 93 min 2010 M/16 08/07/2010 EUA, ALE

Título Original

My Son, My Son, What Have Ye Done

Sinopse

Após uma longa viagem ao Peru, Brad McCullum (Michael Shannon) sente uma espécie de chamamento divino que altera a sua forma de ver o mundo. Um ano após o regresso a casa, inspirado pela peça de Sófocles que tinha andado a ensaiar com o seu grupo de teatro amador, mata a sua própria mãe com uma espada e barrica-se com dois reféns. Caberá ao detective Hank Havenhurst (Willem Dafoe), através de entrevistas à sua noiva, aos vizinhos e conhecidos, recriar o percurso lento e esquizofrénico deste homem e contextualizar o seu acto inesperado.<br/> Um filme com o toque de David Lynch (produtor-executivo), a partir do drama real de Mark Yavorsky que, em 1979, matou a mãe, inspirando-se numa tragédia grega. Werner Herzog ("Grizzly Man", "Encounters at the End of the World", "Polícia Sem Lei") assina argumento e realização.<p/>PÚBLICO

Críticas Ípsilon

Meu Filho, Olha o Que Fizeste

Vasco Câmara

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Críticas dos leitores

A Sofia Lima, Lisboa

JoãoCarpinteiro

A Sofia Lima, Lisboa: A uma análise rendilhada, bem escrita e pensada, de que discordo profundamente. Filme sem auge? A materialização de Deus numa lata (a lembrar Warhol?)? A descida de “Deus” pela rampa, com a câmara a acompanhar o percurso? A INTROMISSÃO de Michael Shannon na estreia da peça em que deveria ter sido protagonista? A história “sai do mesmo espaço”, ao contrário do que disse; sai, exactamente, pelas “invocações” das personagens: que tal Udo Kier – o rei do Gore – a invocar os episódios passados da vida de Brad McCullum? Herzog não contraria “os hábitos dos espectadores”; a discussão é antiga: há um modelo – clássico (ou classizante) -, e havia uma ruptura com esse modelo; então veio uma terceira via, que opera sem estímulo: a do desinteresse, ou da abordagem desinteressada; é uma abordagem desinteressada a de Herzog, como se “My Son My Son What Have Ye Done” fosse uma “visão” de um desses pelicanos que “lá” aparecem, casual. A realidade do Cinema é uma realidade diferente de qualquer outra manifestação narrativa; não estamos à espera de “auges” narrativos, pois a “história” dos filmes é contada por imagens: foi-lhe chamada por um francês de Cinematografia, em oposição ao Cinema (ou àquilo em que se transformou). Enalteça-se o trabalho BRILHANTE do operador de câmara: é a câmara a caneta desta “história”, que “empurra” as personagens à sua passagem, que comprime o espaço e os espaços entre as personagens. O mesmo francês, citado há pouco, dizia escolher as personagens pela fisionomia (não acreditava em “representação”, era pouco “imagética”); não “rimam” as caras de Defoe, Shannon, Zabriskie e Kier? Não há neles o mesmo “desvio”? Aí, no Casting, está a segunda magia do filme. Cuidado a falar de “monstros” (Herzog), e cuidado a falar de Cinema (Everything Else); “A música, a fotografia e a realização”? O que é a realização? Saudações
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4 estrelas para Herzog

Sofia Lima

Numa linguagem semi-onírica magenta, obsessivamente povoada por pelicanos, é-nos oferecida uma realidade muito prática de um confronto quase caricaturado entre as forças Policiais e as forças da Loucura. Talvez mais um filme sem categoria, sem heróis, sem soluções, sem verdadeiras culpabilizações, sem maus nem bons e com tudo em cada momento, como são os verdadeiros humanos - pouco especiais, mas cheios de possibilidades de ser e agir. Personagens ricas de incógnitas (maravilhosamente vividas pelos actores Willem Dafoe, Michael Peña e Michael Shannon, assim como por uma das estrelas das paranóias Lynchianas - Grace Zabriskie). Personagens que são quem movimentam uma história que não sai do mesmo espaço. A música, a fotografia e a realização casam de uma forma muitas vezes bela e marcante, num espírito sempre estranho. Estranho como o que não se percebe. Estamos sempre a querer perceber alguma coisa. E o tempo passa de uma forma que à partida parece totalmente desproporcional à gravidade dos acontecimentos mas que assim nos põe numa luta contra a nossa própria insanidade mental. O filme peca por não ter qualquer tipo de auge, por teimar em manter a mesma estranheza do princípio ao fim, fazendo-nos portanto, viver essa estranheza, mas sem grandes tensões, e sem suspiros de alívio, roçando assim a saturação do interesse. Um desfolhar paradoxalmente linear, numa contrariedade aos hábitos dos espectadores e muito provavelmente desejado com satisfação pelos autores...
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