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Family Romance, LLC.
Título Original
Family Romance, LLC.
Realizado por
Elenco
Sinopse
<div>A Family Romance LLC. é uma empresa que oferece serviços muito peculiares: actores que podem substituir os clientes em situações de necessidade, sejam elas profissionais ou pessoais. Yuichi Ishii, um dos funcionários, tem agora a responsabilidade de substituir o pai desaparecido de Mahiro, uma menina de 12 anos que enfrenta graves dificuldades em lidar com a ausência paterna. </div><div>Reflexão sobre a solidão, isolamento e artificialidade nas sociedades modernas, este é um drama ficcional, de inspiração documental, realizado pelo veterano Werner Herzog ("Grizzly Man", "Rescue Dawn - Espírito Indomável", "Polícia sem Lei", "Rainha do Deserto"). PÚBLICO</div>
Críticas dos leitores
Family Romance, LLC
Fernando Oliveira
Empresas como a Family Romance LLC existem mesmo no Japão. Os seus funcionários são contratados como substitutos para representarem personagens; e vale tudo, no filme desde um pai ausente até a um outro pai, alcoólico, que a filha não quer no seu casamento, paparazzis ou um funcionário dos caminhos de ferro que cometeu um erro e é admoestado pelo chefe, até para um cadáver num caixão. É assim uma empresa que faz uma ultrapassagem à realidade, encenando uma mentira que servindo para “reparar” a vida das pessoas, ajuda-as a ultrapassar os traumas que a vida lhes trouxe, fá-las reviver alegrias, ficciona ambições não concretizadas, torna-lhes a vida mais suportável. <br /><br />Em “Family Romance LLC” uma mulher contrata um homem para representar o pai ausente da sua filha de doze anos (perceberemos que o pai morreu, mas a miúda acredita que saiu de casa quando ela tinha dois anos). Enquanto “pai” e “filha” se vão conhecendo, o filme começa a questionar o envolvimento emocional do fingidor com o seu papel; quando se começam a diluir as fronteiras entre a representação a vida, entre o actor e o espectador da representação, entre o falso pai e a filha que acredita que ele é mesmo o seu pai. Se até mesmo a mãe a certa altura do filme convida o homem a representar também o papel do seu marido e a viver lá em casa. Ou seja o filme não fala de outra coisa senão das “ficções” que criamos para nós próprios sobre as nossas vidas, numa tentativa necessária de apaziguarmos as frustrações que todos carregamos. <br /><br />Curiosíssimo no filme, e bastante perturbante, é sabermos que Ishii Yuichi, o protagonista representa-se a si no filme, é o seu verdadeiro nome e ele é o proprietário da empresa; e se repararmos que a miúda se chama Mahiro, que também é o verdadeiro nome da actriz teremos de questionar: enquanto segue as deambulações físicas e emocionais daquele “pai” e daquela “filha”, também daquela mãe, Werner Herzog documenta uma situação ou conta uma ficção?. Li que o realizador escreveu também o argumento, e não sabendo japonês, criou as situações e deixou os interpretes fazerem evoluir os diálogos. O filme é um documentário ou uma ficção? Não interessa, o Cinema é sempre uma mentira, ou uma de muitas maneiras de ver um acontecimento; interessa, se o quisermos ver como uma ficção há nele uma enorme “verdade” documental; se quisermos pensá-lo como um documentário há nele um esmagador peso emocional que só pode vir daquilo que é ficção. Quando Herzog faz aquele homem regressar a sua casa e ele não consegue entrar, quando vemos a sua filha verdadeira do outro lado da porta, depois de ele se ter “despedido” da sua ficção o que vemos? Ficção e documento enleiam-se uma no outro, e isso torna o filme muito belo. <br />(em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.pt")
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2 estrelas
José Miguel Costa
A nova obra do realizador alemão Werner Herzog, "Family Romance, LLC", é uma espécie de drama ficcional (que tem por base um caso e um protagonista veridicos) de cariz documental (ou será preferivel defini-la como documentário ficcionado?) sobre uma empresa japonesa, sedeada em Tóquio, cuja área de negócio consiste em alugar actores para desempenharem o papel de familiares ou amigos de clientes com carências afectivas ou necessidade de companhia em eventos sociais. O cineasta pegou no próprio director da empresa e fê-lo encenar uma série de situações exemplificativas dos serviços que presta (nomeadamente, o fingir-se de pai de uma adolescente de 12 anos, filha de uma mãe solteira - a história central). Capta-o com recurso a câmara de mão, e sem grande tratamento de imagem (a falta de resolução do video digital é perceptivel e por vezes a "luz estoura"), com o objectivo de emprestar ao filme o ar mais naturalista possível (um dos pilares base da linguagem documental - embora tal seja incompatível com outros mecanismos de filmagem, igualmente, utilizados, como por exemplo, os planos subjectivos dos personagens e planos/contraplanos). Deste modo, acabamos por confrontar-nos com um produto postiço ("não é carne nem é peixe", devido à indefinição dos limites entre a realidade e ficção), para além de supercial/monótono (o pseudo enredo "não ata nem desata" e recusa-se a explorar a questões éticas/consequências de uma empresa desta natureza).
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