A premissa promete, o cinema documental é uma poderosa forma de divulgação deste tipo de temáticas. A qualidade portuguesa neste género recomenda-se. Só espero que chegue a Coimbra.

“Lisboa Domiciliária” é, sem dúvida, uma fantástica surpresa…. Sem pretensões, oferece um olhar sóbrio e idóneo, sobre essa “coisa muito disparatada” que é a vida; a vida de sete pessoas, com muitos anos vividos, confinadas ao isolamento das suas quatro paredes e à solidão de quem tem como única companhia as memórias ou o que resta delas. Mas ao contrário do que poderíamos pensar este é um filme honesto e não uma campanha ética, moral ou política. É a resposta artística de uma realizadora curiosa que quis espreitar para dentro das velhas casas enrugadas da Lisboa de bairro… Que quis saber quem são as gentes antigas, de cal descascada que se fundem e confundem nelas. As casas que nos apresenta são pequenas, limitadas, algumas mesmo precárias, mas o documentário de Marta Pessoa não é nada disso… As pessoas que visitamos vivem vidas cheias de vazios, monotonias, tristezas e pesares, mas nada disso caracteriza este “Lisboa Domiciliária”. Este é um documentário que nos conquista com cada personagem que apresenta, satisfaz-nos com a subtil beleza dos seus planos, e arrebata-nos com momentos de humor que só uma vida real “muito disparatada” pode dar! É tão bom, que parece fácil! Lisboa Domiciliária é uma prenda para o cinema português.