Frágil (como o título)
Rita Almeida (http://cinerama.blogs.sapo.pt/)
O hospital de crianças de Mercy Falls, na Ilha de Wight (Reino Unido) está prestes a ser encerrado. Mas devido a um grande acidente que motiva a falta de camas disponíveis, algumas crianças ainda se encontram em Mercy Falls aguardando a transferência. Entretanto, uma das crianças aparece com a perna partida sem se perceber como, ao mesmo tempo que Maggie (Yasmin Murphy), uma outra criança, afirma que a culpa é de Charlotte, uma menina mecânica que supostamente vive no 2.º andar (fechado há cerca de 40 anos) e que mais ninguém acredita existir. Amy (Calista Flockhart), uma enfermeira americana, vem de Londres designada para o turno da noite e estabelece uma forte empatia com Maggie. A imaterial presença de Charlotte vai-se fazendo notar cada vez mais e com maior agressividade, e Amy assume a tarefa de proteger estas crianças.<BR/><BR/>A premissa da casa assombrada é velha, e Balagueró não traz nada de novo com esta história. A personagem de Amy é fracamente trabalhada, o contexto dos seus demónios passados é incompreensível e a representação de Calista Flockhart (eternamente marcada pela personagem Ally McBeal) falha nas partes mais emocionais, sendo incapaz de motivar particular simpatia. O mesmo não acontecendo com Yasmin Murphy no papel de Maggie, que está fantástica.<BR/><BR/>Balagueró faz um uso subtil do fantasma, mostrando-o pouco, mas fazendo a sua presença sentir-se em cada instante. Infelizmente, em muitos momentos optou por um uso excessivo dos efeitos sonoros e do volume, que substituíram o efeito perturbante que deveria ser da cena. O final lamechas também não ajudou, retirando o efeito agridoce dos últimos minutos de filme e que deveria ter permanecido.<BR/><BR/>Apesar disso, o filme tem suficientes "twists" e momentos assustadores que compensam o fraco argumento (de Balagueró e Jordi Galcerán, autor da peça "El Método"). Tem tudo a ver com o ambiente, a atmosfera de perigo e desassossego, soturna e mórbida, quase sempre nocturna e deprimente, e cheia de chuva, cinzentos e sombras na fotografia de Xavi Giménez. A música de Roque Baños ajuda consideravelmente na criação da opressão que precede os sustos. Para mim o assunto "ossos" é particularmente sensível, causando-me um certo desconforto físico (até o simples estalar dos dedos das mãos já me arrepia), o que permitiu ampliar estes efeitos e tornar a viagem de terror um pouco mais gratificante. O filme fez-me tapar a cara, várias vezes. E a beleza de Elena Anaya é quase irritante. Nota: 5/10.
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