Difamação
Título Original
Notorious
Realizado por
Elenco
Sinopse
Críticas dos leitores
Difamação
Fernando Oliveira
Ela ama-o, mas como julga que ele não a ama e sacrifica-se a casar com outro homem para ajudar a desmantelar uma rede de espiões nazis a operar no Rio de Janeiro. Ele, que também é espião e é quem a recruta para o serviço, ama-a, mas, por frieza profissional ou porque a julga uma mulher fácil, não se deixa comprometer nesse amor. E o outro homem sente por ela uma paixão já antiga.
É esta tremenda perturbação moral que define “Notorious”, uma das muitas obras-primas de Hitchcock, esta realizada em 1946. Ela é Ingrid Bergman, uma das melhores e mais “luminosas” actrizes da história do Cinema, Alicia no filme, filha de um espião nazi que por isso sentir alguma culpa, ou por algum enfado da vida de divertimento que leva, aceita o pedido de Devlin, um espião da CIA, para trabalhar para o Governo dos EUA. Cary Grant é Devlin, que esconde o amor que sente por ela debaixo de uma máscara de profissionalismo e de uma frieza impressionante. Mesmo quando Alicia é “obrigada” a casar com o outro homem (Claude Rains), que a ama e é um dos espiões nazis…
Toda esta vertigem moral que o filme nos mostra é sublimada pela genial mestria de Hitchcock – a forma como trabalha as cenas nos planos, a luz, a extraordinária montagem – que nos atinge e provoca um nó no estômago que não nos abandona até muito depois do fim do filme.
Momentos extraordinários de Cinema são muitos: a festa que Alicia dá, após a condenação do pai, em que a personagem de Devlin é sempre filmada de trás, mesmo quando ela o provoca na brincadeira, e só conhecemos Devlin quando eles por fim ficam sozinhos; quando, já no Rio, na varanda do hotel combinam o jantar, e ela declara o seu amor trocando beijos estranhamente ambíguos e com uma conversa cheia de sugestões e subentendidos (parecida com a que as personagens interpretadas por Cary Grant e Grace Kelly tem anos depois em “Ladrão de Casaca”, durante o piquenique em que comem frango assado); o tremendo suspense da cena em que Alicia rouba a chave ao marido, numa das mais abissais composição de planos do cinema de Hitchcock; a magistral geometria da troca de olhares dos personagens e do olhar do realizador durante a festa na casa de Alicia e do marido; o beijo no jardim junto à porta da adega, quando pressentem que vão ser descobertos pelo marido dela…
E depois o perturbante final em aberto: Devlin consegue resgatá-la da casa do marido que com a cumplicidade da mãe a está a envenenar até ela morrer; ela já moribunda consegue desvendar-lhe o plano do grupo de espiões; percebemos que Sebastian e a mãe vão ser punidos pelos cúmplices pelo descuido de ele ter casado com uma espia americana; mas fica-nos sempre a terrível duvida se ele a resgatou a tempo das garras da morte, se chegou a tempo para, enfim, tirar a máscara e entregar-se ao amor dela…
Um dos filmes maiores da história do Cinema. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")
Envie-nos a sua crítica
Submissão feita com sucesso!