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JOSÉ MIGUEL COSTA
Confesso que do Apichaptong Weerasethakul (que, além de ser dono de um nome impronunciável, não é um realizador nada fácil) apenas visionei o filme "O Tio Boonmee Que Se Lembra Das Suas Vidas Anteriores" (vencedor da Palma de Ouro em 2010), sendo que me recordo de, à data, ter ficado completamente desconcertado com o mesmo (embora, não me tenha desagradado de todo). E tal aconteceu porque lógica narrativa é algo que "não lhe assiste", divertindo-se a testar os limites da linguagem através de construções/alegorias/metáforas ambíguas, anti-lineares e (quase) indecifráveis (sobretudo para aqueles que, tal como eu, tenham poucas referências da cultura e política tailandesa). Sente-se que é algo que não tem explicação - nem tão pouco se conclui - e que está sempre para além daquilo que conseguimos enxergar (com múltiplas mensagens/significados subliminares). <br /> <br />O "Cemitério do Resplendor" basicamente mantém a(s) mesma(s) idiossincrasia(s), no entanto, esta sua nova "viagem" onírica e sensorial (que, mais uma vez, une/confunde o mundo material e o espiritual) é nitidamente mais linear/perceptível, e, para além de apresentar-se menos fragmentada, até parte de uma história-base interessante e poética/mágica (que tem por foco narrativo central um hospital no qual estão internados um grupo de soldados que sofre de uma estranha doença que os mantém num constante sono profundo e sereno, alegadamente por a sua energia estar a ser sugada por guerreiros do passado que se encontram enterrados sob o edifício). Isto não significa, todavia, que o resultado final seja mais satisfatório, pelo contrário, pois este filme (sobretudo a última hora) é (quase) insuportável, devido à enorme quantidade de planos e sequências sem utilidade (e esteticamente desinteressantes) que se prolongam até à exaustão (por ex, qual a mais valia de ver alguém literalmente a defecar - sem qualquer contexto que o justifique?).
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