//

Boa Noite e Boa Sorte

Votos do leitores
média de votos
Votos do leitores
média de votos
Drama 93 min 2005 M/12 02/03/2006 EUA

Título Original

Good Night, and Good Luck

Sinopse

<p>América, década de 1950. Nos primórdios do jornalismo televisivo, um retrato do conflito que opôs Edward R. Murrow (David Stratharirn), um "pivot" pioneiro, ao senador Joseph McCarthy e a Comissão do Senado das Actividades Anti-Americanas. Graças à sua vontade de esclarecer o público, o inovador Murrow e a sua dedicada equipa - dirigida pelo seu produtor Fred Friendly (George Clooney) e Joe Wershba (Robert Downey, Jr.) - desafiam a partir da redacção da CBS pressões da empresa e dos patrocinadores ao analisar as mentiras e as tácticas rasteiras perpetradas por McCarthy durante a sua "caça às bruxas" aos comunistas. O diferendo agrava-se quando o senador reage, chamando comunista ao "pivot". Neste clima de medo e represálias, a equipa da CBS continua o seu projecto e a sua tenacidade acaba por surtir frutos, quando McCarthy é chamado a responder perante o Senado e despojado de todo o seu poder, ao mesmo tempo que as suas mentiras e estratégias prepotentes são finalmente desmascaradas. Apesar disso, Murrow e a equipa pagaram cara a sua ousadia e o programa foi transferido para um horário menos nobre. O seu legado, contudo, permaneceu intacto e continua a ecoar hoje como padrão para o jornalismo televisivo de qualidade. "Boa Noite e Boa Sorte" é a segunda longa-metragem de George Clooney, depois de "Confessions of a Dangerous Mind". Nomeado para seis Óscares, entre os quais Melhor Realizador, Filme e Actor, ganhou no Festival de Veneza 2005 os prémios de Melhor Actor, Argumento e Crítica Internacional.</p>

Críticas Ípsilon

Boa Noite e Boa Sorte

Jorge Mourinha

Ler mais

Boa Noite e Boa Sorte

Mário Jorge Torres

Ler mais

The real mccarthy

Luís Miguel Oliveira

Ler mais

Boa Noite e Boa Sorte

Vasco Câmara

Ler mais

Críticas dos leitores

Cinema e política # 2

António Cunha

O filme retrata com acutilância os anos 50 na cadeia americana de televisão CBS e o confronto do jornalista E.R. Murrow com o Senador J. McCarthy, o qual propaga a perseguição ao comunismo e seus simpatizantes. O filme não se desperdiça em falsos moralismos, apresentando as questões de censura de uma forma objectiva (as imagens de McCarthy são autênticas). É de salientar a frustação de Murrow em constatar que os espectadores estão mais interessados na televisão como veículo de entretenimento do que como de ensino. David Strathairn brinda-nos com uma interpretação sensacional, assim como o próprio J. McCarthy. A magnífica fotografia a preto e branco e uma realização eficaz fazem deste filme um momento único de cinema.
Continuar a ler

O poder de mudar o mundo

Rita Almeida (http://cinerama.blogs.sapo.pt/)

"Good Night, And Good Luck" não é uma lição de história sobre a América dos anos 50, nem sequer uma biografia do jornalista Edward R. Murrow, que em 1954 confrontou no seu programa televisivo "See It Now" o Senador Joseph McCarthy, presidente do Subcomité Permanente de Investigações do Senado, pelo seu indiscriminado furor anti-comunista e abuso de poder, evidenciando a fina linha que divide investigação de perseguição. A acção decorre entre o Inverno de 1953 e a Primavera de 1954, em que Murrow (David Strathairn) tenta convencer o produtor Fred Friendly (Clooney) a deixá-lo ir atrás de McCarthy. Cuidadosamente, escolhem o caso de Milo Radulovich, um veterano da Segunda Guerra Mundial que está a ser expulso da Força Aérea por suspeitas de que o seu pai e irmã possam ser simpatizantes comunistas.<BR/><BR/>A segunda realização de George Clooney, três anos depois de "Confessions of a Dangerous Mind", apesar de todo o contexto histórico, reforçado pelo visual preto e branco da fotografia de Robert Elswit, acaba por ser dolorosamente actual. "Good Night, And Good Luck" fala da censura do governo, da cobardia e falta de imparcialidade dos media, do poder da publicidade (como é o caso da tabaqueira que alimenta o vício de três maços por dia de Murrow) e de um público demasiado estupidificado pelo entretenimento para digerir informações que o possam chocar.<BR/><BR/>Sem sermões, o argumento de Clooney (filho de um jornalista e claro admirador de Edward R. Murrow) e do também actor Grant Heslov (aqui no papel de Don Hewitt) é acutilante e de fortes convicções, dando também voz ao ansioso e razoável chefe de Murrow (Jeff Daniels) e ao director da estação CBS William Paley (o soberbo Frank Langella). A extensa equipa de produção, onde se inclui Steven Soderbergh, não podia ter encontrado melhor actor para fazer os necessários discursos.<BR/><BR/>O Murrow de Strathairn não sorri mas tem humor, é reservado mas não insensível. E concentra um poder imenso na voz monocórdica, no lento inalar de um cigarro, um olhar intenso para a câmara. Ao não se abordar a vida pessoal de Murrow, ele acaba por se tornar símbolo das liberdades constitucionais, reivindicadas contra acções movidas por rumores e insinuações, onde se suspeita de tudo o que possa ser diferente.<BR/><BR/>Da mesma forma que Murrow usa as próprias palavras de McCarthy para o derrubar, também Clooney opta por usar as imagens de arquivo de McCarthy. O ritmo que impregna à história é irrepreensível, alternando cenas dramáticas com belíssimos interlúdios de jazz na voz de Dianne Reeves, igualmente importantes na construção do forte ambiente do filme.<BR/><BR/>A grande falha de "Good Night, And Good Luck" é, na minha opinião, a falta de contexto histórico. Entra-se a tal velocidade no enredo que um espectador que esteja mais fora desta realidade histórica americana facilmente se sentirá perdido (talvez mais uma das recorrentes presunções do cinema americano de que todos sabemos o que lá se passa, ou que nos importamos...). Clooney faz uma insuficiente tentativa de caracterizar a repressão e a tensão vivida na época através "storylines" paralelas mais pessoais, como é o caso do jornalista Don Hollenbeck (Ray Wise), acusado de simpatias comunistas, ou do casal de jornalistas Joe e Shirley Wershba (Robert Downey Jr. e Patricia Clarkson), que, devido às legislações empresariais, fingem não ser casados.<BR/><BR/>De qualquer modo, este é um filme fascinante sobre a paixão que pode mover uma profissão. Especialmente se essa profissão pode de facto marcar a diferença. Através de Clooney e Strathairn esta redacção torna-se o mais importante sítio do mundo para se estar. Nota: 8/10.
Continuar a ler

No tempo em que acontecia televisão

Nazaré

É-nos dado acesso aos bastidores do confronto entre a redacção da televisão CBS e o "senador júnior" McCarthy, o tal da caça às bruxas nos anos 50. Não nos pode escapar um evidente paralelo com o clima de coação ideológica que a presidência Bush achou justificado imprimir na sequência dos ataques de 11 de Setembro de 2001. Mas o mais importante não é isso, nem sequer a crónica dos eventos: é a derrota que este confronto representou para a televisão como instrumento ao serviço das virtudes democráticas. O sistema de patrocínio em troca de publicidade comercial revela-se uma forma de pressionar para que a televisão, com todo o seu potencial de condicionamento, se reduza a um instrumento de promoção do consumo, e não há coisa mais indigesta para tal fim que a elevação das consciências. Esse tom de derrota transparece no protagonista logo na primeira cena.<BR/><BR/>Grande realização, desde logo afirmada no magnífico genérico, na mestria do preto-e-branco (onde infelizmente as legendas às vezes se dão mal) e nos jogos de profundidade de campo. Clooney sabe muito bem onde é melhor colocar as câmaras, e fá-lo de maneira imaginativa; se insiste nos grandes planos é para obter grandes resultados, e o principal intérprete, David Strathairn, vence brilhantemente esse desafio. É impressionante o constraste entre a máscara de determinação e valentia que apresenta enquanto desenrola o seu discurso perante as câmaras de televisão e o abatimento antes e depois de estar no ar, bem revelador não só dos riscos como da coragem que na vida real era necessária para enfrentá-los. Jornalistas como Ed Murrow eram talentosos artífices da palavra, articulados e conscientes, cientes do seu estatuto. Perante isso, nem é bom pensar nos pivôs da actualidade...<BR/><BR/>Excelente a ideia de entremear as cenas com os interlúdios de uma cantora de jazz bastante ao estilo de Ella Fitzgerald (trata-se de Dianne Reeves), ajudando a situar no tempo (como no uso universal do tabaco, que para os dias de hoje chega a parecer chocante - Murrow morreu de cancro de pulmão nos anos 60), dando um toque de requinte e também um escape da narrativa, comparável ao de ir beber uns uísques pela noite dentro, ao bar do costume, enquanto não sai a edição dos matutinos do dia seguinte. Filme para adultos, esclarecidos e por esclarecer.
Continuar a ler

Óscares 2006

Ana Pires

Comentário aos Óscares. Só vou comentar as categorias principais. Actor Secundário: Não ganhou o melhor. George Clooney tem capacidade de expressão dramática, mas o actor tem mais espaço do que a personagem. Contudo esta categoria não tinha grandes desempenhos. Mas, e sem ter visto a interpretação do William Hurt, preferia que tivessem ganho o Matt Dillon ou Jake Gyllenhaal. Actriz Secundária: Gostei do desempenho da Rachel Weisz, não vi a Amy Adams e a Frances Macdormand, a Catherine Keener tem um desempenho apenas regular e deveria ter ganho a Michelle Williams (a dor por que a sua personagem passa sente-se). Não ganhou a melhor. Montagem: Os meus parcos conhecimentos sobre o efeito da montagem num filme dizem-me que o prémio deveria ter sido entregue ao "Fiel Jardineiro" ou ao "Munique". Já passou muito tempo desde que vi o "Cinderella Man", já não me lembro do efeito da montagem no filme. Não ganhou o melhor.<BR/><BR/>Fotografia: Não vi o "Novo Mundo". Mas já tive oportunidade de ver excertos e o prémio deveria ter sido entregue ao "Novo Mundo" ou ao "Brokeback Mountain". Mais uma vez não ganhou o melhor. Banda Sonora: Eu também teria dado o prémio ao "Brokeback Mountain". Não sei se é a melhor banda sonora. Mas foi a que mais me tocou. Tem uma sonoridade nostálgica que eu adoro e entranha-se. E é comovente. Canção: Podia ter ganho qualquer uma, porque as três serviam perfeitamente os filmes a que pertenciam. Não se trata de apreciar música, mas sim de apreciar o efeito da música no filme.<BR/><BR/>Argumento Original: O argumento do "Colisão" é bom. Não vi o "The Squid and The Whale". O argumento do "Match Point" também é muito bom. Entre "Colisão" e "Match Point" não me consigo decidir. Suponho que ganhou um dos dois melhores. Argumento adaptado: Este prémio é para quem adapta melhor a história original para filme. Portanto, não é um prémio à história original (ao contrário do que sucede com o Argumento Original). Com esta lógica em mente o trabalho mais difícil estava na passagem de "Brokeback Mountain" literário para "Brokeback Mountain" cinematográfico. Ganhou o melhor trabalho de passagem de literatura para cinema.<BR/><BR/>Longa Metragem de Animação: Ganhou o pior dos filmes. "O Castelo Andante" é magnífico. Eu não gosto de cinema de animação e, contudo, o filme cativou-me por completo. É emocionante e comovente. "Wallace e Gromit" é frio, superficial, nada emotivo. "Corpse Bride" é mais uma prova do génio de Tim Burton. O prémio deveria ter ido para o "Castelo Andante". Filme estrangeiro: Só vi o "Feliz Natal" (medíocre). Não posso comentar esta categoria.<BR/><BR/>Documentário: Só vi a "Marcha dos Pinguins" (razoável). Não posso comentar esta categoria.<BR/><BR/>Atriz Principal: Gostei do desempenho da Reese Witherspoon. Mas gostei muito mais da Felicity Huffman. Não vi a Judi Dench e a Charlize Theron. Vi três desempenhos e o melhor dos três pertence à Felicity Huffman. Não ganhou a melhor.<BR/> <BR/>Actor Principal: Esta era a melhor categoria da noite. Não vi o Terrence Howard. Mas vi quatro desempenhos fantásticos de quatro actores fantásticos. Prefiro a interpretação do Heath Ledger, porque ele criou a personagem que me comoveu mais. Não vi o actor, vi a personagem. Li numa crítica na Internet o seguinte a próposito da sua personagem: "I conected with him as I have conected with characters in novels. I miss him". Aconteceu o mesmo comigo. No entanto, apesar de preferir o Heath Ledger, não posso dizer que a vitória do Philip Seymour Hoffman foi injusta. O desempenho dele é de facto de alto nível. <BR/><BR/>Realizador: Bom trabalho de todos os realizadores. Mas prefiro o Ang Lee pela subtileza, sensibilidade e contenção do seu trabalho. O Bennett Miller também me agradou pela sobriedade. Há algum histerismo nas realizações do Steven Spielberg e do Paul Haggis. Há frieza no trabalho do George Clooney e por isso "Boa Noite, e Boa Sorte" nunca aquece. E o cinema não é apenas estilo e estética, também é emoção. Ganhou o melhor.<BR/><BR/>Filme: Gostei do "Colisão". Mas gostei mais do "Capote". E gostei muito mais do "Brokeback Mountain". Há uma contradição no prémio: o argumento, a realização e as interpretações são a cabeça, a alma e o coração de um filme. O resto são os adornos. "Brokeback Mountain" ganhou o prémio de argumento (tal como "Colisão"), mas ganhou também o prémio de realização e teve mais nomeações nas categorias de interpretação (3) do que "Colisão" (1). "Brokeback Mountain" é um filme mais sensível, menos estereotipado, mais subtil, mais contido, mais elegante e até mais arrojado do que "Colisão". E sobretudo, é um filme que fica com o espectador. Porque não fica tudo explicado (como acontece em "Colisão", onde tudo tem um desfecho). "Brokeback Mountain" não termina. Fica na nossa cabeça, como uma admirável nostalgia. Deveria ter ganho "Brokeback Mountain".
Continuar a ler

A liberdade dos jornalistas

Luís Coelho

"Boa noite e boa sorte". Eis a frase com que o jornalista que protagoniza este filme acaba as suas reportagens. Uma frase superficialmente demagógica. Mas dita por um jornalista que colocava a verdade das notícias acima de qualquer outro interesse ou pressão. Este filme é estupendo no retrato que faz do jornalismo de investigação na efectuação da mais nobre das actividades: a busca da verdade. Verdade que parecia sucumbir num país transfigurado pela paranóia do comunismo e da caça às bruxas. Filme de excelente argumento e interpretações fantásticas. Um retrato do melhor e do pior do jornalismo da América dos anos 50. Um precioso filme a ver numa altura em que tanto se discute o peso e as condicionantes da liberdade de expressão.
Continuar a ler

Envie-nos a sua crítica

Preencha todos os dados

Submissão feita com sucesso!