A francesa Mia Hansen-Love é uma daquelas realizadoras relativamente consensuais, tanto ao nível da crítica especializada como do público (transversal a vários nichos cinéfilos), no entanto, pessoalmente, "não me aquecia, nem me arrefecia" até ter visionado o seu mais recente filme, "Uma Bela Manhã". De facto, esta obra emocional (filmada em formato de 35 mm) cativou-me pela sua abordagem naturalista e a serenidade dramática com que nos expõe uma história que facilmente poderia descambar num "dramalhão de fazer chorar as pedras da calçada" (tanto mais se atendermos ao facto de que é inspirada nas suas próprias vivências). Tal virtude também é (sobretudo) mérito da magnifica Léa Seydoux, que empresta uma cativante doçura melancólica à sua personagem (uma jovem mãe viúva que se mantém "dignamente" à tona, apesar dos múltiplos papéis que se vê obrigada a desempenhar em simultâneo, num período marcado por vários níveis de instabilidade emocional, consequência da demência do progenitor e do inicio do relacionamento amoroso com um amigo casado).