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Aquarius

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Drama 142 min 2016 M/16 16/03/2017 BRA, FRA

Título Original

Aquarius

Sinopse

<div>Clara é uma sexagenária viúva que vive no edifício Aquarius, situado na zona nobre da Avenida Boa Viagem, no Recife (Brasil). Foi ali que partilhou a vida com o marido, viu crescer os seus três filhos e passou a época mais marcante da sua existência. Com o intuito de construir um condomínio mais moderno naquele mesmo lugar, a Construtora Bonfim conseguiu adquirir todos os apartamentos do prédio, excepto o dela. E, por mais que Clara afirme que não existe preço que a faça vender o seu, acaba por se ver constantemente pressionada a mudar de ideias. Até que, cansada de ser atormentada, resolve retaliar…</div><div>Estreado na 69.ª edição do Festival de Cinema de Cannes, onde concorreu à Palma de Ouro, um filme dramático com realização e argumento de Kleber Mendonça Filho ("O Som ao Redor") e co-produção de Walter Salles (realizador de "Central do Brasil", "Abril Despedaçado", "Diários de Che Guevara", "Linha de Passe" ou "Pela Estrada Fora"). O elenco inclui Sônia Braga, Humberto Carrão, Maeve Jinkings e Irandhir Santos. PÚBLICO</div><div><br /></div>

Críticas Ípsilon

As más vibrações do Recife

Luís Miguel Oliveira

É pela “presença” de Sonia Braga, e o modo como cria se cria um prolongamento e se “faz corpo” entre a personagem e o espaço, que Aquarius revela a inteligência da sua construção.

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Sonia Braga é o nosso edifício

Vasco Câmara

Com Aquarius Kleber Mendonça Filho oferece uma vingadora ao seu cinema, a si próprio e a nós, espectadores. A empatia, aqui, é coisa política. Sonia Braga c’est moi.

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Críticas dos leitores

Clara - A resistente!

Ramiro Esteves Ferreira

História perfeitamente enquadrada na sociedade atual, com um enredo realista em qualquer parte do planeta. Início arrebatador, com os ocupantes de um carro a fazerem peões na praia ao som de "Another One Bites The Dust" dos Queen. <br />Sónia Braga, já não sendo um símbolo sexual, continua a ser uma excelente atriz que aqui representa a figura de Clara, uma jornalista aposentada que vive num apartamento que uma poderosa construtora quer demolir, representando o seu papel com um magnetismo e arte, como só ela sabe. <br />O filme começa na parte em que a protagonista sobrevive a um cancro e continua com os revezes e reviravoltas dos donos da Construtora Bonfim - pai e filho - que terão bastante a esconder como mais terá se verá, a tentarem forçar Clara a aceitar a sua proposta para abandonar o seu apartamento, sem sucesso, dada a persistência e força anímica demonstradas por esta verdadeira resistente, com a ajuda dos amigos e familiares. <br />Com uma excelente banda sonora (Queen, Maria Bethânia, Roberto Carlos, etc.) e bem realizado por Kleber Mendonça Filho, acho que este filme nos dá a conhecer o melhor do cinema brasileiro atual, com inovação, ousadia e uma qualidade que quase faz com que desejemos que o filme não acabe.
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A Persistência da Memória

Pedro Brás Marques

Clara, uma viúva e jornalista aposentada, vive sozinha no único apartamento habitado em todo o prédio. Ela sempre ali residiu mas, agora, uma construtora quer demolir o imóvel para erguer um moderno edifício de apartamentos. A localização, na primeira linha de praia da cidade de Recife, é extraordinária e altamente apetecível para o negócio imobiliário, mas Clara é teimosa e recusa sair. A construtora também não se fica e vai tentar, por todas as formas, fazê-la sair de lá… <br />Em "Aquarius", Sónia Braga dá vida a uma Clara que ainda ouve música em vinil, guarda fotos antigas, cuida da casa porque foi ali que os filhos nasceram e cresceram. É um monumento não só à determinação e à força de vontade como à alegria de viver e de ser feliz. Ainda jovem, teve um cancro da mama que a obrigou a uma mastectomia. Resistiu e soube viver a vida. Perdeu o companheiro e pai dos três filhos, mas nem isso lhe retirou o ânimo. Por isso, por ser alguém que já passou por muito, não será uma mera empresa de construção, por muito poderosa que seja, a conseguir dobrá-la. <br />É óbvio que a luta de Clara é a do eterno combate entre o ser humano e a passagem do tempo. Ela é uma memória personificada. Simboliza tudo o que já passou, o acumular de sentimentos e de momentos de toda uma vida. É avessa à mudança porque, se perder esse seu passado, arrisca-se a não ser nada. A música é o grande portal temporal para que Clara regresse a décadas passadas. É em LPs de vinil que habitam cantores e bandas de outros tempos, ligação umbilical a muitos episódios marcantes da sua vida. A certa altura, alguém pergunta porque é que “dantes” as pessoas tiravam fotos junto aos seus carros. E o irmão de Clara responde que o carro era como se fosse família e não o mero objecto que hoje conhecemos. De facto, com o passar do tempo, é a própria mundividência que se vai renovando, mas Clara luta contra ele, contra essa mudança personificada na construtora que quer impor modernidade mas precisa de espaço pelo que para uma entrar, a outra terá de sair. Clara adora a família mas flirta com homens, jovens ou maduros, pratica ginástica oriental e tem uma alimentação cuidada mas toma um “porre” de vez em quando. Ela é um qualquer de nós, o que dá uma dimensão universal a “Aquarius” . <br />Todos nos lembrámos de Sónia Braga no papel de «Gabriela» na telenovela homónima baseada na obra de Jorge Amado. Também por isso, a escolha da actriz foi perfeita para interpretar Clara. Porque ela faz igualmente parte da memória de várias gerações e isso ajuda a sublinhar a luta da ex-jornalista pela preservação da sua memória. A actriz está maravilhosa. Com uma energia quase de adolescente, percorre o filme “cheia de graça” e “num doce balanço”, como escreveu Vinicius de Moraes. Com uma serenidade por vezes desconcertante, só perde mesmo a calma quando a irritam para lá do tolerável. E o belo rosto de Sónia Braga leva-nos suavemente até ao seu passado, às suas alegrias e tristezas. <br />Kleber Mendonça Filho continua a registar o pulsar da “sua” Recife, seja em apontamento ficcional ou documental. Depois de “Recife Frio” e “O Som ao Redor”, chega este Aquarius - Filme. Apesar disso, o realizador não se perde em imagens turísticas, antes apostando em criar tensão através de espaços fechados como o apartamento de Clara e o recurso insistente a grandes planos, amplificando a luta interior das personagens. Conseguiu, desta forma, não só um grande filme, como comprovar que não são precisos efeitos especiais caríssimos ou delírios argumentativos de realizadores egocêntricos para se fazer excelente cinema mas antes uma boa história e um punhado de actores competentes.
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Aquarius

Maria Marques

Considero este um dos melhores filmes que tenho visto nos últimos tempos. <br />Realista, sem ser ordinário e sem recurso abusivo ao calão, tanto ao gosto, infelizmente, dos nossos filmes portugueses (como se apenas utilizando calão se evidencia a crueza e realidade da vida). Humano e sensível, atual. Maravilhoso.
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3 estrelas

JOSÉ MIGUEL COSTA

O filme "Aquarius", de Kleber Mendonça Filho, é um drama realista (quase documental, tal é a naturalidade com que é explanada a pacatez do quotidiano da protagonista), humanista, intimista, nostálgico e aparentemente simples (no seio da sua narrativa fluida, e bem estruturada, esconde várias camadas temáticas), que se vai desenrolando sem pressas (uma virtude que também acaba por transformar-se no seu maior defeito, ao alongar-se em demasia a explorar "mais do mesmo"). <br /> <br />"Aquarius" destaca-se, sem qualquer sombra de dúvida, pela banda sonora intensa/omnipresente e devido à performance da grande Sônia Braga (que interpreta o papel de uma musicóloga "de bem com a vida", que afronta, sem receios, os interesses económicos de uma corporação ao recusar-se, por uma questão sentimental, a vender o seu apartamento sito num prédio no qual já é a única residente - por aí guardar todas as "memórias da sua existência" -, frustrando, deste modo, os planos de construção de um condomínio de luxo no local). <br /> <br />Uma autêntica ode à resistência, que é vista por muitos como uma metáfora ao processo de destituição da Presidente Dilma (embora, segundo o realizador, não tenha sido esse o seu intuito original) e, como tal, acaba por constituir-se como um documento (quase) político. No entanto, nunca descola da condição de melodrama latente, por não chegar a "explodir" ao ponto de tornar-se visceral, ficando-se pelo "banho-maria".
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Aquarius

LCardoso

Filme dramático, actual, verdadeiro, e uma excelente performance de Sónia Braga, como nunca a víramos antes. <br />A não perder!
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