A Sede do Mal

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Drama, Thriller 105 min 1958 M/12 02/05/2000 EUA

Título Original

Touch of Evil

Sinopse

Considerado um filme de culto, "A Sede do Mal", de Orson Welles, passa-se numa cidade fronteiriça entre o México e os Estados Unidos onde Mike Vargas (Charlton Heston), detective mexicano, interrompe a sua lua-de-mel para participar numa investigação. Vargas vê-se obrigado a testemunhar contra Grande, líder de uma família de traficantes de droga, cujos parentes tentam afastá-lo do caso. Quando uma bomba explode no interior de um carro e mata um magnata norte-americano, Vargas envolve-se numa investigação que põe a descoberto os métodos questionáveis de Hank Quinlan (Orson Welles), chefe da polícia dessa região. Antevendo que Vargas fosse longe demais, Quinlan alia-se a Grande, colocando as vidas de Vargas e da sua mulher Susie (Janet Leigh) em perigo. PÚBLICO

Críticas dos leitores

A sede do mal

Fernando Oliveira

Um homem aciona o temporizador de uma bomba e coloca-a na bagageira de um carro; um homem e uma mulher entram nele e vamos seguindo o carro pelas ruas de uma cidade fronteiriça no México; a câmara encontra um casal que passeia e deixa o carro, passa a segui-los; mas o carro continua a seguir-nos e ultrapassa e vai sendo ultrapassado pelo casal; passam a fronteira, a câmara foca-se no casal, beijam-se, ouvimos a explosão; o perigo anda de mãos dadas com aquele casal desde o inicio do filme. <br />Tudo isto nos é mostrado por Orson Welles numa abertura de puro exibicionismo formal num plano-sequência demencial, como demencial vai ser aquilo que nos vai contar a seguir. O casal são Miguel Vargas (Charlton Heston), um importante investigador da policia mexicana, e Susan (Janet Leigh), sua mulher, estão em lua-de-mel; e Miguel vai participar tão intensamente na investigação da explosão que, pobre homem, se “esquece” de Susan; e ao mesmo tempo que confronta os métodos do policia encarregue da investigação, Henry Quinlan (Orson Welles), Susan, abandonada num motel isolado, vai ser vitima de uma tramóia do irmão de um homem que Vargas quer condenar na Cidade do México. Quando este homem se une a Quinlan para tramar Vargas, este e Susan vêm-se à beira do abismo. <br />É um filme vertiginoso que a arte de Welles torna quase numa tragédia shakespeariana. Uma história policial, crime e corrupção, que é também o canto de cisne do filme negro, uma ambiência doentia, o mal sempre presente ou pressentido. Um pesadelo que nos esmaga, um olhar sádico sobre os personagens. <br />Mesmo sendo um filme que nega qualquer empatia, e que é todo artificio formal, um espantoso exercício de experimentação das linguagens cinematográficas, a imagem: aquele impossível movimento que é o travelling inicial, a genial cena em que Susan é violentada no motel, ou a maligna teatralidade do homicídio no quarto. Ou o som: quando Vargas persegue Quinlan e o colega para gravar uma confissão que ilibe a mulher. <br />E neste pântano moral sobressai Quinlan, interpretado por um Orson Welles envelhecido, gordo e sujo, uma personagem repelente que parece carregar nele todo o mal do mundo. Ao pé dele tudo desvanece, a justeza de Vargas, a suave insolência de Susan, até a tristeza da cartomante interpretada por Marlene Dietrich que augura a Quinlan que ele não tem nenhum futuro; ele é um homem “feio”, mas terrivelmente sedutor. <br />Numa altura em que algumas leis sobre as regras comerciais tinham tirado muito do poder aos estúdios, e permitido algumas liberdades na produção de filmes, foi por imposição de Charlton Heston que o argumento e a realização de “Touch of evil” foi entregue a Orson Welles. A sua forma única de olhar para o Cinema, a sua exigência formal, deram-nos um filme que nos obriga, quase só nos deixa, a admirá-lo só por aquilo que é Cinema, mesmo sendo aquilo que nos conta absolutamente abissal. Foi, claro, um fracasso comercial, mas é uma obra-prima – o primeiro dos modernos. Essencial. <br />(em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.pt")
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