3 estrelas
José Miguel Costa
"A Grande Muralha” é o primeiro blockbuster chinês de escala planetária (bem como o mais dispendioso de sempre - teve à sua disposição um orçamento de 150 milhões de dólares), com duas megas estrelas de Hollywood no seu elenco, Matt Damon e Pedro Pascal (para não correr quaisquer riscos no que concerne à sua aceitação nos países ocidentais … “não fosse o diabo tecê-las”). <br /> <br />Que dizer sobre esta megaprodução? Possivelmente, teria gostado mais deste filme se não soubesse que o mesmo foi realizado por Zhang Yimou (figura nuclear da chamada Quinta Geração do cinema chinês responsável por obras que idolatro, como "Esposas e Concubinas", "Viver", "Caminho Para Casa", "Herói", "Maldição da Flor Dourada", "O Segredo dos Punhais Voadores" e "Regresso a Casa"), na medida em que preferia que um dos mestres de épicos orientais romanescos não estivesse envolvido neste tipo de cinematografia. Todavia, atendendo à polivalência demonstrada ao longo da sua carreira, não surpreende que tenha aceitado ser parte integrante de um projecto desta envergadura (que implicou filmar pela primeira vez em língua inglesa), só é pena ter-se deixado deslumbrar em demasia pelo aparato tecnológico, descurando em parte a essência cultural milenar do país de origem, que sempre foi a sua “impressão digital” (perdendo, deste modo, alguma identidade e, consequentemente, carisma/exotismo – passando simplesmente a ser “mais do mesmo”). <br />Feita esta ressalva, e cingindo-me ao género de produto (blockbuster de acção e aventura, que não tem na narrativa o seu fogo central – e que, neste caso, baseia-se numa lenda sobre a construção desta barreira gigantesca, que visava proteger a população contra o ataque de terríveis criaturas alienígenas), posso afirmar, sem qualquer pudor, que “A Grande Muralha” é empolgante, graças a uma montagem que impõe um ritmo rápido constante (com Matt Damon a demonstrar, mais uma vez, que é talhado para papéis desta natureza – embora, a sua escolha para protagonista tenha sido alvo de contestação cerrada por parte da critica especializada chinesa). <br /> <br />Claro que quem sabe não desaprende, pelo que a mais valia desta produção advém da sua estética (algo idiossincrática quando comparada com outros filmes que se inserem nesta mesma categoria), e, deste modo, somos brindados com momentos de grande beleza visual, devido ao recurso a designs/cores e coreografias orientais.
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