não me parece o melhor filme de Meireles... e o argumento peca por alguma vulgaridade por assim dizer... mas ainda assim não deixa de constituir uma boa obra cinematográfica...

Achei um filme interessante com tantas histórias... um pouco básico.

<p>De Fernando Meirelles (S.Paulo, 9-Nov-1955) conhecíamos três magníficas adaptações de obras literárias (de Paulo Lins - "Cidade de Deus", de John le Carré - "The Constant Gardener", de José Saramago - "Ensaio sobre a Cegueira"). De Salientar, embora possa não ser o melhor entre os três títulos citados, o "Ensaio sobre a Cegueira", por se tratar da transposição para o cinema de uma obra-prima literária, complexa e densa, como outras que o nosso Nobel criou. Fernando Meirelles conseguiu fazer dela uma obra que não o envergonha e não desilude, julgo, os muitos admiradores do conjunto admirável da obra de Saramago. Como é o meu caso!<br />Obviamente que o filme não consegue atingir o nível de qualidade, elevadíssimo, do romance. Mas, que adaptação ao cinema o consegue, quando se trata de transpor para imagens obras-primas da literatura? Contam-se pelos dedos os que conseguiram elevar-se até à altura do original (ou superá-lo). Posso citar meia dúzia. Kubrick e Oliveira fizeram-no, por exemplo.<br />Mas quanto a "360", diga-se que o cineasta não nos desiludiu, conseguindo captar o nosso interesse, com inteligência e, às vezes, com emoção, neste retrato circular (ou elíptico) dos tempos que correm.<br />A jovem brasileira, Laura (Maria Flor) assume particular destaque, porque representa muito do que, julgo, é comum a grande parte das novas gerações e, por isso, não conseguimos deixar de sentir por ela uma grande simpatia, pela busca desesperada de quem começa muito cedo a duvidar do que a vida lhe poderá vir a trazer.<br />Desejos (compulsivos, às vezes), desilusões, amarguras, frustrações, excessos, renúncias (por motivos de crença religiosa!...), desesperanças, eis do que é feita esta obra, com dois ou três momentos magníficos que ficam na nossa memória cinéfila e isso já é muito bom perante a mediocridade, vacuidade e inutilidade da maioria do cinema que é distribuído (e promovido...) pelas salas do nosso País.<br />Bela direcção de actores, também, dos veteranos aos mais jovens. Vale a pena ver.</p>

<p>Medíocre, fraco é uma classificação redutora e injusta quando se trata de Meirelles e da arte de fazer cinema. Talvez só para quem ache já ter visto tudo. Felizmente para mim ainda me falta ver tudo e foi com muito prazer que vi este filme.</p>

Cada personagem é uma surpresa: a primeira impressão que causa, acicatando o nosso preconceito, é brilhantemente desfeita.<br /><br />Filme a não perder. E a rever com gosto.

<p>Não posso estar de acordo com Luís Miguel Oliveira. "360º" é um bom filme e Fernando Meireles um óptimo realizador, que sabe o que quer e revela uma grande sensibilidade. Todas as histórias interagem de forma natural e no intertexto aflui uma grande humanidade e a mensagem central do filme é sem dúvida o circunstancial processo das nossas escolhas e a sabedoria de agarrar as oportunidades que por vezes são únicas e irrepetíveis. <br /><br />A instituição do casamento é elegantemente golpeada, bem como outras temáticas da vida actual: os negócios das máfias de leste, muito em torno da prostituição, a fuga ou desaparecimento de jovens, as decepções amorosas, as doenças provocadas por uma sociedade sem valores, as transferências de afectos. Tudo de uma forma dinâmica, da qual emergem momentos de ternura.</p>

Superficial e caricatural.

Fraco, pretendendo capitalizar aquela sensação romântica dos destinos que se cruzam, das pessoas que sobrevivem mas apenas conseguindo uma coisa morna, que não agarra e que se esquece passado pouco tempo. Vê-se com agrado, ainda assim.

<p>A crítica Ípsilon do Público assinada por Luís Miguel Oliveira classificando o filme "360- A Vida é um Círculo Perfeito", de Fernando Meirelles, como medíocre, aguçou-me o apetite. <br />Fernando Meirelles abre-nos portas largas saltando de história em história com uma direcção muito madura e sempre com mão firme. O talento narrativo envolve-nos. Não mais existem silêncios. Os personagens magnificamente interpretados por Ben Foster, Anthony Hopkins e Maria Flor (uma estreante nestas andanças) dão, sem dúvida, o toque de brilhantismo dos grandes filmes. E Fernando Meirelles é um grande realizador. A crítica do Público peca exatamente por não se aperceber da dimensão profunda dos personagens, por não ter visto o essencial. E o essencial em Meirelles é mesmo essa sua capacidade de sentir a alma dos personagens que cria e que, com os actores que para eles escolhe, é capaz de "co-criar", dando-lhes uma dimensão humana capaz de verdadeiramente nos impressionar.<br />Filme a não perder.</p>