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Retrato da Rapariga Em Chamas

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Drama 121 min 2019 M/12 12/03/2020 FRA

Título Original

Portrait de la Jeune Fille en Feu

Sinopse

<div>Disponível na plataforma <a href="https://www.filmin.pt/filme/retrato-da-rapariga-em-chamas?origin=searcher&origin-type=primary" target="_blank">Filmin</a><br /><br />França, finais do século XVIII. Marianne (Noémie Merlant) tem como tarefa fazer um retrato de Héloïse (Adèle Haenel), uma jovem aristocrata acabada de sair do convento. A pintura será posteriormente oferecida ao homem a quem ela foi prometida. Inconformada com um casamento que não deseja, Héloïse recusa-se a posar. Por esse motivo, Marianne finge ser sua dama de companhia, absorvendo cada detalhe durante o dia. À noite, em segredo, vai construindo a imagem que retém da jovem noiva. Esses momentos vão criar uma forte intimidade entre as duas, cuja proximidade forçada acaba por se transformar em amor. </div><div>Apresentado em competição no Festival de Cinema de Cannes, onde recebeu o prémio de Melhor Argumento e a Queer Palm, um drama histórico escrito e realizado por Céline Sciamma ("Maria-Rapaz", "Bando de Raparigas"). PÚBLICO</div>

Críticas dos leitores

Retrato de uma rapariga em chamas

Fernando Oliveira

Segunda metade do século XVII, França antes da Revolução, numa escola de pintura para raparigas a professora que também é a modelo, Marianne (Noémie Merlant), é confrontada com uma tela que representa uma rapariga com a parte debaixo do vestido em chamas. Foi ela que o pintou e nas suas recordações “viajamos” ao passado até a uma ilha na costa da Bretanha e à história delas, a história de duas mulheres que se amam. <br />Tinha sido contratada para pintar o retrato daquela jovem prometida em casamento a um nobre milanês; como estabeleciam as regras sociais da época era assim que o noivo ficava a “conhecer” a noiva; como a jovem recusa o seu destino, a pintora vai fazer-se passar por dama de companhia e pintar o retrato sem a outra saber. Héloïse (Adèle Haenel) está reclusa, a irmã mais velha suicidou-se para fugir ao casamento e a mãe tem medo que ela, que foi retirada dum convento para substituir a irmã, faça o mesmo. Primeiro são os passeios nas paisagens desertas da ilha, a “liberdade” de Héloïse, correr ou o desejo de se banhar nas águas revoltas do mar, e aquele extraordinário momento em que falham a troca e olhares até se fixarem uma na outra. O que é espantoso na maneira como Céline Sciamma conta a história é o efeito de contraste que o crescer da atracção entre as duas mulheres produz, em Marianne uma mulher mais descomprometida com as regras sociais vai crescendo um estremecimento que a deixa indefesa perante Heloïse; esta vai ganhando uma força que por fim a vai fazer aceitar o destino a que queria fugir. Quando Marianne destrói o primeiro quadro depois de o ter mostrado a Héloïse e é mandada embora pela mãe, é Héloïse que a prende ao aceitar posar para ela. A mãe dá-lhe os cinco dias em que vai estar ausente para completar a tarefa. É lindíssima a forma como o acto de criação do quadro, Héloïse a entregar-se ao olhar de Marianne, sublinha a intimidade amorosa e fisica entra as duas mulheres primeiro cúmplices depois amantes; e a angústia crescente mas aceite de saberem que quando o quadro estiver completo, tudo acaba. <br />Numa entrevista a realizadora disse que quis contar a atracção entre as duas mulhers como uma “arquitectura de desejos”, “uma história de amor que se construísse apenas pelo desejo”, mas o desejo não apenas fisico, também um desejo da liberdade (e da insegurança) trazida pelo amor. Num filme que junta o amor e arte há cenas de uma beleza indescritível: o desencontros dos olhares que mencionei encima; o momento em que Marianne tenta explicar a Héloïse a música tocada por uma orquestra tocando ao piano uma parte do “Verão” de Vivaldi; quando o vestido de Héloïse se incendeia; quando as duas, e Sophie (Luana Bàjrami), a criada, lêem a história de Orfeu e Euridice e surge a ideia de ele olhou para trás e perdeu a amada porque foi ela que lhe pediu para o fazer; ou aquele momento sublime em que Héloïse posa nua para Marianne, e no seu ventre está um espelho que reflecte a cara desta, o corpo de uma e as feições da outra num mesmo desenho, elas são uma, o seu amor é completo enquanto se lembrarem uma da outra, um gesto de amor que, ao mesmo tempo, perde e ganha esse amor. É um filme encharcado de simbolismo, mas onde Sciamma mergulha no melodrama, ou como o amor delas, o que não se esquece dessa entrega transfigura a impossibilidade social desse amor numa daquelas paixões sublimes, até à morte. <br />Se é verdade que há muito de denúncia das questões da igualdade de género e classe na forma como Sciamma conta a história - ela e Adèle Haenel são companheiras na vida, e pensamos num jogo de espelhos entre o olhar da realizadora para a actriz e o de Marianne para Héloïse; ou a importância de Sophie na narrativa, que rapidamente passa de criada a amiga, em situações tão trágicas quanto cómicas, como quando quer abortar de uma criança indesejada – este filme sem homens (mas sempre “presentes”: o noivo de Héloïse, o pai de Marianne), não perde nunca a esmagadora intensidade emocional daquele amor. <br />E termina de duas vezes de forma muito bela: quando abandona a ilha, Marianne recusa o gesto de Orfeu e “foge” a olhar mais uma vez Héloïse vestida de noiva; Marianne vê Héloïse mais duas vezes sem se encontrarem, primeiro retratada num quadro com uma criança ao seu lado, e durante um concerto onde se toca o “Verão” de Vivaldi ela está num camarote do outro lado da sala e chora, e as lágrimas transformam-se pelo poder do “fogo que arde sem se ver” num sorriso. <br />Lindíssimo este filme. <br />(em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.pt")
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Visita guiada ao mundo da pintura

Raul Gomes

Através das cenas do filme, que mais parecem contemplações num museu ao vivo. <br />O ritmo do filme, propositadamente lento, é uma forma de desfrutamos a beleza das imagens, que são verdadeiramente quadros duma época até agora não muito conhecida do mundo das mulheres, com os seus problemas de intimidade, sejam eles, homossexuais, menstruação e até aborto. <br />O prémio de melhor argumento em Cannes é a demonstração do poder deste filme, visualmente admirável, com uma fotografia que merece contemplação. <br />Uma história de amor em forma de poesia. <br /> <br /> <br /> <br /> <br /> <br /> <br /> <br /> <br /> <br /> <br />
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3 estrelas

José Miguel Costa

Céline Sciamma arrebatou o Festival de Cannes, e a generalidade da critica especializada, com o enigmático/intimista drama de época (quase exclusivamente feminino), "Retrato da Rapariga em Chamas", devido à alegada sensibilidade/poesia com que abordou a questão da homossexualidade feminina. <br />Não partilho todo este entusiasmo pelo filme (demasiado) minimalista (a nível temporal e espacial) que jamais se decide entre uma abordagem naturalista ou simbólica (o que não lhe confere constância, já que, neste caso em concreto, a junção de ambas não se coaduna - retirando-lhe, inclusive, alguma "credibilidade"). <br /> <br />Pesa-lhe, de igual modo, o ritmo narrativo pouco apelativo da história (com uma base de partida interessante), cuja acção decorre na Bretanha do século XVIII, que nos expôe perante o crescendo de intimidade entre Marianne (Noémie Merlant), contratada (sob o disfarce de dama de companhia) para pintar o retrato de casamento da inconformada jovem Héloïse (a - estranhamente - pouco convicente Adèle Haenel), o único meio do futuro marido conhecer as suas medidas e feições.
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Um poema à arte do cinema

António Mendes

Magnífico e sublime, quer a realização quer a interpretação das duas personagens. <br />Se gostam de Cinema é obrigatório.
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Belo

Maria

Um filme sobre o desejo, a descoberta, a condição da mulher, numa envolvente de poesia.
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