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Vai e Vem

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Comédia, Drama 179 min 2003 M/16 20/06/2001 POR

Título Original

Vai e Vem

Sinopse

<p>É o último "opus" de João César Monteiro, que morreu pouco depois de terminar o filme. Apresentado no Festival de Cannes 2003 na Selecção Oficial - fora de competição -, "Vai e Vem" foi unanimemente aplaudido pela imprensa internacional e considerado como a obra-prima de um dos maiores cineastas portugueses e mundiais, autor de algumas das obras mais perturbadoras e fascinantes do século XX.<br /> Em "Vai e Vem", João César Monteiro - que já foi Max Monteiro e João de Deus -, é o senhor João Vuvu, parente próximo de João de Deus (a quem Monteiro dedicou uma trilogia), viúvo e muito pouco sociável, que efectua diariamente o mesmo passeio no autocarro nº100, entre a Praça das Flores e o Jardim do Príncipe Real, em Lisboa.<br /> Durante as viagens de autocarro, a vontade de isolamento do Sr. Vuvu é perturbada: envolvido nas mais curiosas aventuras e desventuras filosofico-eróticas, encontra-se com os mais insólitos personagens, que lhe vão dar muito que pensar. A casa, onde livros e discos são as suas únicas companhias, começa a requerer urgentemente os préstimos de uma mulher-a-dias que teima em não aparecer.<br /> João César Monteiro encena aqui a própria morte, interpela o espectador e olha-o como nunca o olhou, para no fim nos deixar um vazio impossível de preencher no cinema português.</p> <p>PUBLICO.PT</p>

Críticas Ípsilon

O meu último suspiro

Luís Miguel Oliveira

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Vai e Vem

Vasco Câmara

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Vai e Vem

Mário Jorge Torres

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Flme implacável

Kathleen Gomes

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Críticas dos leitores

A anúncio da morte

Alexandra Dias

Foi este o primeiro filme que vi de João César Monteiro e desde então procurei ver todos os filmes do grande cineasta português que se despede de nós no "Vai e Vem". De forma muito consciente e eloquente são abordados no filme temas da nossa actualidade, e de certa forma João C. Monteiro vai ao nosso mais íntimo, à nossa consciência, alertar-nos, acordar-nos. Não entendo como há gente capaz de adormecer e reconhecer que adormece perante um filme, uma obra-prima portuguesa. Possivelmente não sabe reconhecer bom cinema. Talvez filmes como "O Aviador" sejam melhores...
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O Um dos piores filmes da minha vida

Eu Mesmo

A primeira hora do filme bastou para mim. Os restantes minutos (horas da película) foram passados a dormir (e que bem me soube!).
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O testamento

F.J.Forte

Eis o testamento digno do seu autor! J.C.Monteiro nem sempre foi um realizador compreendido por todos, e talvez, em boa verdade, se estivesse, como ele diria, ou ainda mais acintosamente, utilizando outra expressão vernacular, a marimbar para isso. Goste-se ou não, Monteiro era um génio criador, de uma visão pessoalíssima, mas ao mesmo tempo crítica e corrosiva não só da sociedade portuguesa, mas da sociedade e dos seus códigos, que invertia a cada momento, com quadros fulminantes e certeiros, construídos, como é óbvio, em personagens do mesmo calibre. Se bem que me parecem desiguais na sua componente artística, os seus filmes, vistos em retrospectiva, formam um universo pessoal único e coerente, quer do ponto de vista formal quer material. Ao morrer, Monteiro deixou assim um testamento marcante, a conservar e a estimar, neste vai e vem que é a vida. Bem haja!
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Vai e Vem

Gin

Vi o “Vai e Vem” quando ele estreou, por isso falo do filme que ficou em mim e não do que vi na tela. Tela privilegiada, por receber tais imagens, planos inesquecíveis e uma luz que toca ao de leve nos corpos filmados, no rosto poético de César Monteiro, nas casas lisboetamente iluminadas com uma luz, como direi... final, como um pronúncio de morte. Depois passamos em frente ao parlamento, passamos no Príncipe Real, atravessamos Lisboa, e estamos na mesma luz que Vuvu atravessava. Ele não ia a nenhum lado, estava só a viajar. Estava só a despedir-se e a espalhar a sua derradeira chama libertária por aí. Estava a ser livre como quem só sabe ser insubmisso. Dizem que se pode ouvir o silêncio depois do estrondo de um tiro. Decerto é impossível calar o silêncio que vão sentir aqueles que como eu ficaram marcados por este filme, como direi.... estrondoso, como o silêncio que segue um tiro. Pois, e há os diálogos verdadeiramente singulares. E há um pouco de surrealismo a querer vir ao de cima, num fígado atirado aos pombos e numa mulher barbuda. Há um menino pedinte que faz anos amanhã: “pode ser que faças, pode ser que não, por mim fazias”, diz Vuvu pondo-lhe a mão na cabeça, suavemente. Há uma ninfa num ramo da grande árvore metafórica (não sei é que metáfora encerra, e se alguém descobrir que me avise). O olho que fica aberto, numa imagem parada do fim do filme... dizem que dura três minutos, mas o filme de que falo é o que ficou em mim, e nesse, o olho de João permaneceu aberto até agora, como todo o sentimento que atravessa o “Vai e Vem”, que me ficou por dentro como poucas vezes, ou nenhuma, me aconteceu com um filme.
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O Auto do Fim

Luís Mendonça

"Vai e Vem" foi feito por um homem consciente da sua própria morte. João César Monteiro ("As Bodas de Deus") pôs termo a uma das suas personagens mais marcantes: João de Deus. A morte dessa figura coincidiu, também, com a sua própria morte: antes do filme "Vai e Vem" ter estreado nos cinemas, já César Monteiro havia falecido e deixado o adeus eterno a João de Deus. Como que regressado da terra dos mortos, voltou para fazer uma breve visita ao nosso mundo. Mas desta vez, na pele de um tal de João Vuvu, um personagem mais humano e sensível. É ele que mais se aproxima do "eu" de César Monteiro: um solitário que vagueia por uma Lisboa animada; um ser único, que marca cada lugar com a sua presença proeminente. Na realidade, este retorno acaba por ser uma espécie de ajuste de contas com aqueles que sempre testemunharam o vai e vem da vida de João Vuvu. Ele reencontra-se com antigos conhecidos e deixa uma "mensagem". Mensagens essas dotadas, sempre, de um sarcasmo audaz, de uma ironia corrosiva, de um delírio extremo. "Vai e Vem" é um hino à vida e à liberdade, porque, enquanto a morte for uma incerteza, João César Monteiro, ou melhor, Vuvu continuará a fazer o seu trajecto rotineiro por Lisboa; a sentar-se no mesmo banco, a fumar o habitual cigarro, a olhar para a mesma paisagem... É viúvo e tem um filho criminoso (Jorge) que passa, grande parte da acção, em cativeiro. Quando regressa aos braços do pai, dá-se uma discussão curiosa entre ele (Jorge) e Vuvu: Jorge acusa Vuvu de não ter sentimentos, de ver as pessoas como meros objectos de arte. Foi a partir deste momentos que senti, certa ou erradamente, que Vuvu era João César Monteiro e que este havia morrido. As gargalhadas (eufóricas) que dei ao longo de (quase) todo o filme, transformaram-se rapidamente num amargo desgosto: morreu um génio. (A cena final é de uma dimensão quase espiritual: o olho de um visionário em primeiro foco. São preciosos minutos em que nós, espectadores, assistimos ao olhar de uma vida, acompanhado pelo som marcado de uma música clássica).
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O Último de J.C.M.

A.N.Q.

Depois do brilhante "Branca de Neve", não entendido pela grande maioria do público português — apenas nós, os iluminados do Senhor, pudemos apreciar na totalidade tamanha obra —, João César Monteiro volta a presentear-nos com mais uma notável obra que, de certo, passará, mais uma vez, ao lado do comum dos mortais, vulgo povo. Brilhante a analogia entre a viagem de autocarro, sempre o 100 — o século, o último de João César Monteiro — que se repete todos os dias e o quotidiano daqueles que deixarão passar mais este filme daquele a quem me atrevo a chamar o melhor realizador português. A personagem, Vuvu, espera pelo filho que está preso por duplo homicídio, uma clara referência aos filmes do cinema americanos dos anos 50, representando a vã esperança de que algo mude na sua vida sempre igual. Refugia-se então nos livros, já em mau estado de conservação, contidos na sua vasta mansão. Uma referência, por certo, ao país em que vivemos que, tendo os meios, as capacidades, a cultura, se deixa levar pela inércia e despreza o que tem. E mais não digo desta sumptuosa obra que aconselho vivamente. Cinco estrelas!
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Vuvu foi nu...

V. Guerra

Tinha-me comprometido, a não ver mais nenhum filme de João César Monteiro (J.C.M.) depois do atrevimento de "Branca de Neve". Mas, como o homem morreu e os críticos até davam 4 e 5 estrelas, tive um gesto patriótico. Puro masoquismo! Brejeirices de revista e lugares comuns cinematográficos. Destaco apenas duas frases: quando a mulher-a-dias, comunista, lhe pergunta se o poema que acaba de dizer "é do camarada Saramago" e Vuvu responde que é do "cavalheiro Camões" e sobre o que é ser português, que adapto: "não se nasce subsidiado, faz-se subsidiado". Não admira que na Europa "artística" achem tanta graça a alguns realizadores portugueses que filmam para o próprio umbigo e se estão nas tintas para o público que lhes paga com os impostos. Acabo com uma frase que ouvi de J.C.M. à saída da sua anterior estreia "Que se fodam os críticos..."
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A gozar connosco

Miguel Cabral

Como é possível esta fraca, fraquíssima, justificação para mais uns subsídios. Estão a gozar connosco.
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