O Homem Que Vendeu a Sua Pele

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Drama 104 min 2020 M/12 24/06/2021 SUE, BEL, Turquia, FRA, Tunísia, ALE

Título Original

The Man Who Sold His Skin

Sinopse

Para escapar à guerra, Sam Ali deixou a Síria e refugiou-se em Beirute (Líbano). O seu desejo é encontrar abrigo na Europa, onde se possa sentir livre do medo que o tem acompanhado nos últimos anos.

Um dia, conhece Jeffrey Godefroi, um artista conceituado mas bastante controverso, que lhe faz uma proposta: tatuar uma obra nas suas costas. Sam, que precisa desesperadamente de dinheiro, aceita. Porém, convertido numa obra de arte de valor incalculável, deixa de ter liberdade de movimentos ou direito ao próprio corpo. Ao transformar-se num objecto de desejo de uma elite de coleccionadores, chama também a atenção de activistas dos direitos humanos. 
 
Nomeado para o Óscar de melhor filme internacional, um filme dramático com assinatura da realizadora tunisina Kaouther Ben Hania, sobre dois mundos que se guiam por lógicas opostas: a vida elitista dos artistas ocidentais e a luta pela sobrevivência dos refugiados de guerra.

Para o argumento, a realizadora inspirou-se na história verídica de Wim Delvoye, um artista belga que tatuou uma obra na pele do suiço Tim Steiner, que posteriormente vendeu a um colecionador por 150 mil euros. Yahya Mahayni, Dea Liane, Koen De Bouw e Monica Bellucci assumem as personagens. PÚBLICO

Críticas Ípsilon

O exílio no museu

Luís Miguel Oliveira

Encontro entre a crise dos refugiados sírios e a arte contemporânea.

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Críticas dos leitores

4 estrelas

José Miguel Costa

O filme "O Homem Que Vendeu a Sua Pele", da realizadora tunisina Kaouther Ben Hania, é um drama, à beira do surreal, que satiriza, de modo eminentemente metafórico (constituindo-se, como uma parábola dos tempos modernos), o conceito e os limites da arte, intercruzando tal temática com questões inerentes às desigualdades (nomeadamente no que concerne à sonegação de direitos e liberdades) daqueles que apresentam por único crime o terem nascido no "lado errado do mundo" (refugiados). <br /> <br />A história relata, de forma simples (por vezes, num registo até demasiado light), a jornada de um jovem adulto sirio refugiado no Libano, que pretende entrar na Europa com o objectivo de reencontrar-se com a sua amada (que, entretanto, contraiu matrimónio com um embaixador - e ele sabe-lo), mas que se vê impedido de fazê-lo por não possuir visto de entrada (não existindo sequer a hipótese de obtê-lo futuramente), devido à sua falta de "estatuto" para o efeito. <br />No entanto, um excêntrico e controverso artista de elite apresenta-lhe uma oportunidade para alcançar os seus intentos, ao tranformá-lo, literalmente, numa peça de arte viva, utilizando as suas costas como uma tela (que estará em digressão, para exibição, nos mais conceituados museus europeus). Por conseguinte, tatua-lhe um visto gigante, como uma espécie de statement artistico que visa questionar as directrizes do Acordo Schengen, que não permite a livre circulação de pessoas provenientes de determinados países, ao contrário do que sucede com produtos importados dos mesmos. Portanto, tornar-se numa mercadoria permitir-lhe-á alegadamente ser mais livre (ou passará a ser um escravo?). <br /> <br />A permissa base desta obra é esmagadora e extremamente apelativa. Todavia, apresenta alguns handicaps, que se manifestam ao nivel dos malabarismos narrativos (inúmeras vezes inverossímeis) e mudanças abruptas do próprio tom (não acertando numa abordagem coerente, e mais profunda, das diversas camadas da história multifacetada que se propôs contar-nos). E para piorar presentea-nos com um péssimo/lamechas final (quando teve oportunidade de terminar, em determinado momento, explosivamente). <br />Apesar destas limitações, que poderiam deitar tudo a perder, não posso deixar de amar este filme, na medida em que algumas das suas brilhantes cenas, bem como certos diálogos que tocam incisivamente nas "feridas"/hipócrisias de um abastado primeiro mundo egoista e egocêntrico(e apelam à reflexão), compensam (e de que maneira!) o "todo menos conseguido". <br />Ahhhh e tem a diva Mónica Bellucci!
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4 estrelas

José Miguel Costa

<br />O filme "O Homem Que Vendeu a Sua Pele", da realizadora tunisina Kaouther Ben Hania, é um drama, à beira do surreal, que satiriza, de modo eminentemente metafórico (constituindo-se, como uma parábola dos tempos modernos), o conceito e os limites da arte, intercruzando tal temática com questões inerentes às desigualdades (nomeadamente no que concerne à sonegação de direitos e liberdades) daqueles que apresentam por único crime o terem nascido no "lado errado do mundo" (refugiados). <br /> <br />A história relata, de forma simples (por vezes, num registo até demasiado light), a jornada de um jovem adulto sirio refugiado no Libano, que pretende entrar na Europa com o objectivo de reencontrar-se com a sua amada (que, entretanto, contraiu matrimónio com um embaixador - e ele sabe-lo), mas que se vê impedido de fazê-lo por não possuir visto de entrada (não existindo sequer a hipótese de obtê-lo futuramente), devido à sua falta de "estatuto" para o efeito. <br />No entanto, um excêntrico e controverso artista de elite apresenta-lhe uma oportunidade para alcançar os seus intentos, ao tranformá-lo, literalmente, numa peça de arte viva, utilizando as suas costas como uma tela (que estará em digressão, para exibição, nos mais conceituados museus europeus). Por conseguinte, tatua-lhe um visto gigante, como uma espécie de statement artistico que visa questionar as directrizes do Acordo Schengen, que não permite a livre circulação de pessoas provenientes de determinados países, ao contrário do que sucede com produtos importados dos mesmos. Portanto, tornar-se numa mercadoria permitir-lhe-á alegadamente ser mais livre (ou passará a ser um escravo?). <br /> <br />A permissa base desta obra é esmagadora e extremamente apelativa. Todavia, apresenta alguns handicaps, que se manifestam ao nivel dos malabarismos narrativos (inúmeras vezes inverossímeis) e mudanças abruptas do próprio tom (não acertando numa abordagem coerente, e mais profunda, das diversas camadas da historia multifacetada que se propôs contar-nos). E para piorar presentea-nos com um péssimo/lamechas final (quando teve oportunidade de terminar, em determinado momento, explosivamente). <br />Apesar destas limitações, que poderiam deitar tudo a perder, não posso deixar de amar este filme, na medida em que algumas das suas brilhantes cenas, bem como certos diálogos que tocam incisivamente nas "feridas"/hipócrisias de um abastado primeiro mundo egoista e egocêntrico(e apelam à reflexão), compensam (e de que maneira!) o "todo menos conseguido". <br />Ahhhh e tem a diva Mónica Bellucci!
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