O título em português, às vezes acontece, assenta muito bem. Mas a "viagem" não é tipo road movie, é a de ser-se mãe e pai dum miúdo autista, viagem essa que começa quase desde a nascença e não tem fim à vista. O retrato desta vivência é contado duma maneira imensamente humana e tocante, dum realismo felicíssimo ao qual não faltam as pressões sociais pretensamente bem-intencionadas — é aliás a (polémica) resistência do pai à decisão de despejar-se o filho numa escola "especial" e "neutralizado" com medicamentação psiquiátrica que serve de gatilho para a "aventura" que preenche boa parte da fita.

No que respeita aos actores e actrizes, para além do excelente par principal (Bobby Cannavale e Rose Byrne), temos algumas presenças ilustres, onde se destaca um estupendo Robert de Niro. Direcção de actores impecável. E no outro extremo do status está William A. Fitzgerald, um miúdo com doença do espectro do autismo na vida real.

É um acto de ousadia e de muita coragem trazer esta delícia de ser humano para ser o centro dum filme sobre os que têm esta "condição". Sei lá, vão ver enquanto têm a oportunidade de o verem numa boa sala.

Um excelente filme sobre o autismo.