Têm de Vir Vê-la
Título Original
Tenéis que Venir a Verla
Realizado por
Elenco
Sinopse
Realizado pelo espanhol Jonás Trueba (“La Reconquista”, “Los Ilusos” ou “A Virgem de Agosto”), esta média-metragem fala-nos de dois jovens casais espanhóis que combinam um encontro na casa recentemente comprada de um deles, situada nos arredores de Madrid. Aqui é feito um retrato da amizade dos quatro, um pouco forçada pela insistência da visita. Rodado em oito dias (três no Inverno e cinco na Primavera), o filme tem interpretações dos actores Vito Sanz, Itsaso Arana, Francesco Carril e Irene Escolar. “Têm de Vir Vê-la”, o título deste filme, contém em si um duplo sentido: é uma afirmação dirigida a duas das personagens, que têm de ir ver a nova casa dos amigos; e, por outro lado, é um desafio de Trueba aos espectadores, que lhes diz que têm de ver a película em sala de cinema. PÚBLICO
Críticas dos leitores
Têm de vir vê-la
Fernando Oliveira
No início é uma longa sequência, dividida em quatro planos. Neles olhamos para o rosto dos quatro personagens que iremos acompanhar ao longo da história contada em “Têm de vir vê-la”, filme de Jonás Trueba.
São dois casais, talvez com trinta e poucos anos, e nesse momento assistem a recital de piano num café de Madrid. Percebemos nas expressões dos seus rostos um certo embaraço, pressentimos algum desconforto; Elena e Daniel e Susana e Guillermo voltam a estar juntos após o confinamento causado pela pandemia, a amizade mantém-se, mas parece há um estorvo entre eles, uma estranheza que não existia.
Guillermo e Susana abandonaram Madrid e foram viver para o campo e depois de anunciarem que esperam o primeiro filho, convidam os outros para ir ver a casa nova (daí o titulo do filme), há gabarolice envolvida, e nota-se alguma impaciência em Elena e Daniel.
Há um salto na narrativa, seis meses, “Move to the country” de Bill Callahan serve de banda sonora para a viagem de comboio de Elena e Daniel; sabemos que Susana perdeu o bebé; o reencontro é uma tarde “normal” – há a visita a casa, há borrego para o almoço, há um jogo de pingue-pongue, discute-se um livro – mas tudo parece forçado, uma tentativa de “puxar” o que estava lá atrás para o presente.
E depois no passeio pela mata que sublinha a “divergência” entre os dois casais, Elena vai fazer xixi entre as ervas, ri-se do que está a fazer no sítio em que está a fazer – há uma “quebra” na sua relação com os outros, o mundo deles é-lhe estranho. E logo a seguir há também uma quebra no filme, interrompe-se a ficção, de repente estamos a ver a equipa de filmagem a filmar aquela cena.
O documentário invade a história de Elena, Daniel, Susana e Guillermo. Ficamos abananados, mas o que é mais engraçado é que parece fazer todo o sentido, e nós nem percebemos muito bem porquê (e se calhar depois daquele riso de Elena, também não haveria mais nada para contar)…
Jonás Trueba filma assim a falta de jeito (de paciência) que, parece, tomou conta de uma coisa tão simples como darmo-nos uns com os outros e que o confinamento exponenciou, num filme que gosta dos silêncios entre as conversas e de nos mostrar como esses silêncios e o desconforto dos corpos, mostrado nos gestos e nas expressões dos rostos, revelam como a solidão está a tomar conta de todos nós. É um filme que parece ser um lamento, mas que é também um filme estimulante (e perturbante) e muito belo. (em "oceuoinfernoeodesejo.bogspot.com")
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