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As Verdadeiras Mães

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Drama 140 min 2020 M/12 24/12/2020 JAP

Título Original

True Mothers / Asa ga Kuru

Sinopse

<div>Há muito que Satoko e Kiyokazu (Hiromi Nagasaku e Arata Iura, respectivamente) desejavam ter um filho. Ao compreenderem que, infelizmente, tal não lhes seria possível de forma convencional, procuraram uma agência de adopção. Para grande felicidade de ambos, receberam nas suas vidas um recém-nascido a quem chamaram de Asato (Reo Sato). Passam-se seis anos tranquilos. Mas a harmonia transforma-se num pesadelo  quando Satoko recebe um telefonema de Hikari (Aju Makita), a mãe biológica da criança, que lhe diz querer o filho de volta.</div><div>Adaptação cinematográfica do romance homónimo de Mizuki Tsujimura, um drama comovente da realizadora japonesa Naomi Kawase, também responsável por "A Quietude da Água" (2014), "Uma Pastelaria em Tóquio" (2015) e "Esplendor" (2017), entre outros. PÚBLICO</div>

Críticas dos leitores

3 estrelas

José Miguel Costa

A cineasta japonesa Naomi Kawase retorna às salas de cinema lusas com "As Verdeiras Mães", um drama sob a forma de um (tocante e humanista) "conto realista" de tom algo documental, que explora algumas questões complexas em torno do subjectivo conceito de maternidade (ao versar sobre as problemáticas da gravidez infantil, infertilidade e adopção de crianças). <br /> <br />O filme divide-se em dois arcos narrativos principais, expostos de um modo não linear e não cronológico (através de longos flashbacks, que se constituem como as memórias passadas dos protagonistas), que nos dão conta de duas vivências paralelas de uma mesma maternidade (marcada, simultaneamente, pela felicidade e tristeza, consoante o prisma/contexto pelo qual percepcionamos). <br /><br />Por um lado, um casal confrontado com a frustação, e vergonha social, de ser incapaz de procriar. Por outro, uma cândida adolescente (14 anos) grávida, enclausurada e coagida pelos seus pais a encaminhar o bebé para o sistema de adopção. Dois caminhos que apenas se cruzam em dois momentos chave, no dia de entrega da criança e aquele (volvidos 5 anos) no qual a mãe biológica decide voltar a reclamá-la para si. <br /> <br />Apesar de possuir todos os ingredientes base para eventualmente descambar num melodrama meloso (e em boa verdade, por vezes, acaba por lá cair, embora "sem esfolar-se"), genericamente mantém um registo dramático q.b., graças a um excelente trabalho de montagem (que entrelaça passado e presente de forma não forçada) e uma narrativa fluida na qual as palavras/sentimentos mais avassaladores são substituidos por imagens simbólicas da realidade (por norma, inundadas de luz e impregnadas de "poesia visual" - uma das imagens de marca da realizadora), bem como pela sua recusa em moralizar/julgar/vitimar qualquer das partes envolvidas.
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