Esplendor
Título Original
Hikari
Realizado por
Elenco
Sinopse
Críticas Ípsilon
De olhos mal fechados
É muito, muito entediante e, de forma ironicamente fiel à sua temática, um convite permanente a que fechemos os olhos.
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Esplendor
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A controvérsia (filme para não ver vs. filme a não perder) atraiu-me para a sala de cinema e não dei o meu tempo por perdido. Sob o pretexto de uma história acerca da busca da maneira adequada de relatar um filme a pessoas com deficiência visual – os ensaios decorrem perante um grupo piloto de indivíduos com diferentes graus de capacidade visual – o que está em causa é a nossa maneira de interagir com os outros, quando comunicamos a nossa interpretação do que vemos. O choque entre o que julgamos, ou entendemos ver, e as expectativas e interpretações dos outros, é brutal. É um choque que conhecemos (entre pessoas que supostamente “vêem bem”), pelos conflitos e relacionamentos crispados do nosso quotidiano social e laboral. Senti o filme como uma metáfora poderosa que nos questiona. Como transmitir a um invisual aquilo que vejo e sinto e, desta forma, fazer com que sinta como se visse, é um excelente exercício para uma comunicação que ultrapasse a mera descrição básica e os relacionamentos expressos através de fórmulas vagas. Quando tal acontece, são possíveis descobertas que dão um novo sentido à vida.
3 estrelas
José Miguel Costa
Naomi Kawase é uma realizadora aclamada para além das fronteiras do seu país (Japão), todavia, a sua nova obra ("Esplendor") defrauda muitas expectativas (efectivamente, trata-se de um "produto menor" quando comparado com trabalhos precedentes, como "Suzaco", "O Segredo das Águas" e "Uma Pastelaria em Tóquio" - mencionando apenas aqueles que visionei), numa espécie de cedência ao mainstream. Felizmente, fá-lo sem perder a alma na totalidade, afinal o intimismo, a sensibilidade e a delicadeza (a sua "marca registada") continuam bem presentes (embora, desta vez, de um modo algo excessivo - quase meloso), mas falta-lhe a costumeira "poesia" (que agora apenas se faz notar, esporadicamente, a nível estético - com melancólicas imagens turvas e uma aposta em constantes planos fechados, a servir de metáforas à cegueira).
Sentimo-nos, acima de tudo, órfãos da ausência de profundidade da narrativa (valendo-lhe, como compensação para este "handicap", a cândida prestação da dupla de protagonistas). E se na verdade, até parte de uma premissa base interessante (abordando as dificuldades inerentes à "tradução áudio" dos filmes destinados a invisuais - e daí tentando caminhar, com recurso a uma "filosofia pobre", em direcção a questões relacionadas com as memórias do passado), acaba por "subdesenvolvê-la", "dando à luz" uma película quase exclusivamente sensorial. No entanto, o interessante é só nos apercebermos desta atmosfera poética "postiça" no período pós- visualização, pois quando saímos da sala ainda vimos embebidos por aquilo que descobriremos mais tarde não ser mais que o "cair no engodo" de alguns truques básicos de sedução, disfarçados de lirismo - sendo exemplo disso, as orelhudas melodias lacrimejantes, os diálogos fofinhos declamados em tom agridoce e o romantismo clichê.
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