<div>O nome Tom of Finland fez, ao longo do último meio século, uma viagem inesperada: do fetichismo homossexual confidencial partilhado por uma comunidade minoritária para o reconhecimento global como artista de corpo inteiro e bandeira da comunidade LGBTQ (lésbica, gay, bissexual, transsexual e queer). Mas é sobre a figura por detrás do nome artístico, Touko Laaksonen (1920-1991), artista comercial e veterano de guerra finlandês, que se debruça este filme. Sob o pseudónimo Tom of Finland escondia-se um artista de formação clássica – no dia-a-dia, Touko Laaksonen, filho de professores que combatera contra os russos na Segunda Guerra Mundial e estudara piano, era artista gráfico e director artístico numa agência publicitária de Helsínquia. Os seus desenhos secretos reflectiam a sua "segunda vida" no meio de uma sociedade homofóbica onde a única hipótese de relação estável para um homossexual era sexo casual nas sombras de um parque público. Mesmo assim, Laaksonen viveu durante quase 30 anos em Helsínquia com o bailarino Veli Mäkinen, que morreu de cancro da garganta em 1981. </div><div>Com assinatura de Dome Karukoski ("Coração de Leão") e com Pekka Strang no papel principal, o filme concentra grande parte da acção nas décadas imediatamente anteriores à descriminalização da homossexualidade na Finlândia, nos anos 1970, usando como "motor" o conflito entre os desejos eróticos do artista e a sociedade conservadora e homofóbica em que residia.</div><div>Jorge Mourinha (PÚBLICO)</div>