//
Stefan Zweig - Adeus, Europa
Título Original
Stefan Zweig: Farewell to Europe
Realizado por
Elenco
Sinopse
<div>Nascido em Viena (Áustria), a 28 de Novembro de 1881, numa abastada família judaica, Stefan Zweig era, nos anos 1920 e 30, um dos mais populares autores europeus. Escreveu sobre a vida e obra de muitos escritores – Dickens, Tolstói, Dostoiévski, Hölderlin, Nietzsche, Balzac, Stendhal, entre outros –, mas também se interessou por figuras históricas como Maria Stuart, rainha da Escócia, ou o navegador português Fernão de Magalhães. Quando, em 1933, Hitler chega ao poder na Alemanha, a influência dos nazis rapidamente se faz sentir na Áustria. Em Fevereiro de 1934, a polícia faz buscas em casa de Zweig. A circunstância persuade o escritor a partir para Londres com Lotte Altmann, a mulher. Quando rebenta a II Grande Guerra e os nazis invadem França, o casal deixa definitivamente a Europa e parte para os EUA. Em 1941, mudam novamente de país, desta vez para o Brasil, instalando-se em Petrópolis, Rio de Janeiro. A 23 de Fevereiro de 1942, deprimido com o crescimento da intolerância e do autoritarismo na Europa e sem qualquer esperança no futuro da Humanidade, Stefan Zweig despede-se com estas palavras: "Envio saudações a todos os meus amigos: que eles possam viver para ver a aurora após esta longa noite. Eu, que sou demasiado impaciente, vou à frente". Zweig e Lotte foram encontrados mortos na tarde do dia seguinte, deitados lado a lado. Tinham ingerido uma dose fatal de barbitúricos. A notícia do suicídio de ambos chocou o mundo.</div><div>Parcialmente rodado em Portugal, um "biopic" realizado por Maria Schrader ("Liebesleben"), segundo um argumento seu e de Jan Schomburg. Josef Hader, Aenne Schwarz, Tómas Lemarquis e Barbara Sukowa dão vida aos personagens. PÚBLICO</div><div><br /></div>
Críticas dos leitores
Adeus Europa
ricardo Klass
Antes do amanhecer, Vor der Morgenröte, título original deu lugar para Adeus Europa, quem sabe uma forma de chamar atenção ao contexto recente e o caos que tomou conta do Velho Mundo, uma tentativa de focar para o risco de retorno de um passado de muita dor e sofrimento parido pela intolerância e falta de respeito, nutridos pela cegueira da soberba racial. Segundo Berthold Brecht a cadela do fascismo está sempre no cio. <br /> A autora alemã abriu mão do tempero das emoções e buscou apresentar o cotidiano do escritor em suas conferências, seus amigos e familiares, explorando o mundo interior do artista procurando entender seu desfecho com a tomada drástica de tirar sua própria vida, aflição pela avanço dos tentáculos fascistas em fevereiro de 1942. Talvez se Zweig esperasse até dezembro do mesmo ano – início da derrocada da aventura nazista – pudesse repensar seu ato extremo. <br /> A introdução com as flores fazendo a vez de embaixadoras do Brasil para receber o escritor é de uma riqueza difícil de descrever, o uso da técnica clássica de espelhos oferecem um panorama daquilo que a história propõe. Enfim, se poderia ter explorado um pouco mais a riqueza do contexto e da obra do biografo biografado no filme, mas pelo visto a autora buscou dar vazão à sua visão pessoal deixando de lado valiosas peças de seu rico tabuleiro, uma pena. <br /> De qualquer modo o filme tem seu valor ao apresentar um dos luminares intelectuais do século XX num período chave de nossa história, que dependendo do resultado daquele embate mundial poderia quem sabe até ter mudado nosso modo de vida, sem pretender nestas linhas querer promover qualquer espécie de proselitismo, nosso objetivo não é hastear bandeiras de nenhuma cor, justamente o preço que Stefan Zweig pagou por desejar se manter neutro a respeito das ideologias nocivas praticadas na Europa mergulhada em sofrimento regado pelo sangue de gente inocente.
Continuar a ler
Portugal é em São Tomé
Rui
Anda-se para aí a dizer que este filme foi filmado em Portugal mas a realidade é que as imagens são de São Tomé e Príncipe (a certa altura vê-se mesmo a bandeira do país, num dos muitos descuidos do filme).
Continuar a ler
2 estrelas
JOSÉ MIGUEL COSTA
Maria Schrader no seu filme "Stefan Zweig - Adeus, Europa" tenta efectuar uma espécie de biografia sobre o visionário escritor austríaco, de origem judaica, que foi dos primeiros a aperceber-se das consequências do nazismo, motivo pelo qual optou pelo exilio logo em 1934 (tendo passado por vários países de acolhimento, nomeadamente, os EUA, Argentina e Brasil). No entanto, falha estridentemente esse intento, uma vez que um projecto dessa natureza implicaria que explanasse os eventos marcantes da sua vida (ou, no mínimo, se focasse em determinado período especifico, mesmo que temporalmente limitado) e/ou dissecasse a sua obra literária (nem que fosse de modo superficial), quando na realidade, passados 106 minutos de exibição (em que apenas explora episódios soltos/desconexos, quase destituídos de "conteúdo" - e mesmo quando possui alguma mensagem esta é difusa), pouco ou nada ficámos a saber de relevante sobre o protagonista (constituindo-se, portanto, como um documento histórico irrelevante e de carácter formativo nulo). De facto, ao longo de seis partes (prologo, quatro capítulos intermédios e epilogo), a realizadora limita-se a relatar-nos extractos de discursos em conferências e diálogos pessoais de Stefan Zweig (muitos deles sem qualquer interesse para a própria "história"), ocorridos entre 1936 e 1942 (data em que se suicidou), fazendo-se valer para o efeito de recursos estilísticos algo desadequados, e até incongruentes numa perspectiva de conjunto (juntando, por exemplo, momentos excessivamente contemplativos com cenas anedóticas demasiado light). <p> Basicamente, este filme possui duas mensagens base, inúmeras vezes repetidas: - Stefan Zweig recusou-se sempre a ser voz de oposição ao regime nazi, apesar da sua condição de exilado, pois o desgosto que nutria pelo rumo dos acontecimentos no seu país não lhe dava o direito de insurgir-se contra a pátria (além de que, segundo o próprio, ao fazê-lo, numa situação de conforto como a sua, tal não implicaria coragem, mas sim uma simples chamada de atenção sobre si); - O Brasil é um exemplo para a humanidade como país multicolor sem diferenciação/conflitualidade racial (piada!!). </p><p> Realce-se que a realizadora também enfatizou algumas das características de personalidade negativas do escritor, mais concretamente, o seu egoísmo e a falta de interesse generalizado por tudo o que o rodeava. </p><p> Apesar de tudo, este filme é detentor de virtudes, sobretudo ao nível da fotografia (o prologo e o epilogo são esteticamente sublimes) e da interpretação virtuosa de Josef Hader. </p><p> A título de curiosidade, refira-se que muitas das cenas foram filmadas em Portugal e com recurso a actores portugueses (que fizeram de figurantes). </p>
Continuar a ler
Envie-nos a sua crítica
Submissão feita com sucesso!