Restos do Vento

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Drama 127 min 2022 M/14 22/09/2022 POR

Título Original

Sinopse

Numa remota aldeia rural portuguesa, um violento ritual semipagão que correu mal deixou marcas num grupo de adolescentes. Agora, 25 anos depois, eles voltam a juntar-se após uma tragédia na família de um deles. Estreado em Cannes na selecção oficial do festival de 2022, um filme de Tiago Guedes ("A Herdade"), co-escrito por Tiago Rodrigues, o dramaturgo, encenador, argumentista e director do Festival d'Avignon. Com Albano Jerónimo, Nuno Lopes, Isabel Abreu, Gonçalo Waddington, João Pedro Vaz e Leonor Vasconcelos. PÚBLICO

Críticas Ípsilon

Tristeza de vida, o interior português

Luís Miguel Oliveira

Restos do Vento é uma espécie de fábula exemplar que pedia outra violência, outra chama, outra complexidade no tratamento das personagens.

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Críticas dos leitores

3 estrelas

José Miguel Costa

"Restos do Vento" (exibido no Festival de Cannes), o novo filme de Tiago Guedes ("Coisa Ruim" e "Herdade"), cujo enredo acompanha uma série de indivíduos de uma aldeia do interior transmontano, em dois momentos temporais distintos (separados por um intervalo de 25 anos), mostra-nos que a violência gratuita inerente à masculinidade tóxica (não assumida e socialmente tolerada - ou até incentivada -, mesmo em eventos com consequências físicas e/ou psicológicas graves) é um fenómeno algo transgeracional que se escusa na tradição. No prólogo (com cerca de 15 minutos) recuamos até à década de 1990 para acompanhar uma festividade anual pagã (rude e extremamente misógina), que se constitui como um ritual masculino de passagem à condição de adulto, durante o qual um grupo de rapazes mascarados, e deliberadamente alcoolizados pelos seniores, percorre o "seu território de caça" com o objectivo de assediar ostensivamente qualquer rapariga que lhes surja pela frente. Daí decorre uma agressão grupal violenta contra um dos jovens, Laureano (um adolescente pobre que tentou interceder por uma miúda), que lhe acarretará sequelas irreversíveis (perante o silêncio cúmplice de toda a comunidade). Num segundo momento (já no presente) somos integrados no seio da dinâmica relacional rotineira de Laureano (o inofensivo maluquinho desprezado, que apenas convive com os seus fieis amigos caninos e a caridadezinha esporádica da mulher que tentou ajudar no passado ) e os agressores que seguiram o seu rumo (desempenhando na generalidade cargos de relevo na sua freguesia). Até que um novo episódio traumático irá trazer memórias deliberadamente realçadas por todos e voltar a colocá-los em "confronto". É detentor de um guião bem escrito e estruturado (eficaz a envolver-nos no seu ambiente), povoado por personagens com "espessura". Claro que o realizador tem a vida facilitada (e "meio caminho andado para o sucesso") graças aos actores de excepção que conseguiu reunir, nomeadamente, Albano Jerónimo (com uma performance transcendente), Nuno Lopes, Gonçalo Waddington, João Pedro Vaz e Isabel Abreu. No entanto, possui um handicap, a sua previsibilidade (quase desde o inicio do enredo), que lhe retira impacto emocional (mesmo possuindo um texto forte).

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