O Rei dos Reis

Imagem Cartaz Filme
Foto
Votos do leitores
média de votos
Imagem Cartaz Filme
Foto
Votos do leitores
média de votos
Animação 100 min 2025 M/6 10/04/2025 Coreia do Sul, EUA

Título Original

Inglaterra, 1846. Charles Dickens (1812-1870), um jovem escritor e pai de família, sente dificuldades em conciliar a vida familiar com as exigências profissionais decorrentes do grande prestígio e fama que alcançou. Para cativar os filhos – em especial o irrequieto Walter, o benjamim da família –, escreve a sua versão da história de Jesus Cristo, considerado o Rei dos Reis. Nascido muitos séculos antes, Jesus era um homem gentil e compassivo, capaz de perdoar as falhas de todos os que, na sua imperfeição humana, cometiam erros. As crianças, pouco familiarizadas com a história de Cristo, ficam encantadas com a narrativa e aquela obra transforma-se num momento marcante na vida de cada um deles.

Com argumento e realização de Seong-ho Jang, este filme de animação inspira-se no livro infantil "A Vida do Nosso Senhor", escrito por Dickens para os seus próprios filhos enquanto trabalhava em "David Copperfield". Lida todos os anos como tradição natalícia da família Dickens, foi desejo do autor que só fosse divulgada após a morte de todos os descendentes. Acabou por ser publicada em 1934, 64 anos após a morte do autor.

A versão original conta com as vozes de Kenneth Branagh, Uma Thurman, Mark Hamill, Pierce Brosnan, Roman Griffin Davis, Forest Whitaker, Ben Kingsley e Oscar Isaac. Já a versão dobrada em português inclui Diogo Infante, Mimicat e Ricardo Pereira. PÚBLICO

Sessões

Críticas dos leitores

A reprodução constante da maior das mentiras

José Portugal

Mais uma obra cinematográfica que reproduz uma concepção totalmente errada de Jesus Cristo. Apresentado recorrentemente como a mais bondosa, pacífica e justa das pessoas, e num quadro de doutrinação constante das crianças (como aqui se observa, através da obra de Dickens), pouco ou nulo espaço há para o desenvolvimento de um pensamento analítico ou crítico sobre a dita cuja personagem histórica.

Vale a pena recordar que, ao contrário do que é exaustivamente propagandeado, Jesus defendeu a licitude do delito de pensamento, isto é, que as pessoas deviam ser julgadas e condenadas pelos seus pensamentos? Nos nossos dias, quantas pessoas estariam dispostas a defender um sistema de justiça que condenasse pessoas pelos seus pensamentos? Vale a pena recordar que Jesus fez a apologia descarada do genocídio (do dilúvio, por um lado, e de um genocídio final, por outro)?

Vale a pena recordar que essa bondosa, justa e pacífica pessoa jamais se lembrou de criticar o esclavagismo e nunca perdeu a cabeça num mercado de escravos, para depois perder a cabeça num mais que tradicional mercado de animais onde estes eram vendidos para serem sacrificados ao paizinho celeste? Vale a pena recordar que Jesus defendeu a aplicação de torturas sádicas infindáveis para a maior parte da humanidade?

Este filme pode ser uma excelente obra cinematográfica. Pode ser, também uma excelente adaptação de uma obra literária de valor. Mas, não deixa de ser mais um objecto, destinado à doutrinação de crianças, quando estas não estão capazes de contestar as "verdades" que lhes são metidas pelos olhos adentro. Haja a coragem de denunciar o lado negro de Jesus e de mostrar que, ao contrário do que diz a doutrina, Jesus não foi o supra-sumo das pessoas justas, pacíficas e bondosas.

Continuar a ler

Envie-nos a sua crítica

Preencha todos os dados

Submissão feita com sucesso!