Origin - Desigualdade e Preconceito
Título Original
Realizado por
Elenco
Sinopse
Um drama com assinatura de Ava DuVernay – realizadora de “Selma: A Marcha da Liberdade” (2014), “Queen Sugar” (2016) ou “A 13ª Emenda” e da série “Aos Olhos da Justiça” (2019), todos com a questão do racismo como pano de fundo —, que segue a jornalista Isabel Wilkerson (Aunjanue Ellis-Taylor), vencedora de um Prémio Pulitzer, nos meses de pesquisa que antecederam a publicação da sua obra de não-ficção intitulada “Caste: The Origins of Our Discontents”.
Durante as suas investigações de casos reais de racismo no mundo, Isabel elabora uma tese sobre o sistema de estratificação social nos EUA que, segundo ela, não tem origem apenas na raça mas também nos conceitos de pureza, hierarquia, inclusão e exclusão, num inesperado paralelo com os sistemas de castas da Índia e da Alemanha nazi.
O filme estreou-se no Festival de Veneza em Setembro de 2023 e, para além de Ellis-Taylor no papel principal, conta com interpretações de Jon Bernthal, Niecy Nash, Finn Wittrock, Vera Farmiga, Audra McDonald, Connie Nielsen e Nick Offerman. PÚBLICO
Críticas dos leitores
Filme intergeracional
Francisco Sabino
É um filme fortíssimo que questiona e interpela directamente as nossas mais sólidas convicções éticas, sociais, políticas e morais. Talvez seja por isso que a sua exibição esteja a passar ao lado dos canais comerciais de distribuição.
Não pode incomodar quem está bem sentado no que nos diz o "statos quo" que recomenda a cartilha da "raça" sobre a melhor maneira de continuar a ler sobre as origens das desigualdades e preconceitos de classe, ou melhor, de casta, que continuam, cada vez mais acentuadamente, a marcar o desenvolvimento humano, neste mundo que caminha a passos largos para um desastre cataclitico.
O filme tem duas imagens absolutamente incríveis que continuam a marcar a imensidão do trabalho que a humanidade tem pela frente, se se quiser reconciliar com ela própria. A primeira é a da piscina, de uma crueldade atroz, e a do intocável dentro da fossa de dejectos humanos. Violentíssima na sua frieza e crudelíssima na sua actualidade, mais ainda ocorrer no país que dizem ser a maior democracia do mundo.
Claro que poderia haver ainda mais duas ou três imagens igualmente fortes para ilustrar a nossa história universal da pulhice humana, nomeadamente na América dos nossos dias, e isso talvez pudesse funcionar como um catalisador para a salvaguarda da república, mas não fazendo, o filme perde apenas essa oportunidade, não a sua dimensão de obra universal.
Entrou para a minha lista de filmes de vida, a par do "Voando Sobre um Ninho de Cucos", "1900" e "Mandela". De facto, um livro e um filme de leitura e estudo obrigatório em escolas e universidades.
3 estrelas
José Miguel Costa
"Origin - Desigualdade e Preconceito", da realizadora norte-americana Ava Duvernay (de cujo currículo consta a magnifica série "When They See Us"), é um drama biográfico que se cinge ao atribulado período de intensiva pesquisa teórico-prática que antecedeu a publicação do mediático livro de não-ficção "Caste: The Origins of Our Discontents" por parte da jornalista Isabel Wilkerson (primeira mulher negra distinguida com o prémio Pulitzer de jornalismo).
Devido à temática (uma interessante tese que defende que o racismo sistémico é apenas um - entre vários - dos mecanismos de estratificação discriminatórios da sociedade, subliminar e universalmente "plantados e regados" pelas elites político-económicas, por forma a manter ad eternum os privilégios de uma minoria "superior"), bem como à data do seu lançamento comercial (2020), o livro acabou por ser adoptado como uma das bíblias dos movimentos contestatários "Black Lives Matter", que incendiaram os USA.
Grande espectáculo, mas com uma oportunidade perdida
Nazaré
O desenvolvimento na vida real de um livro "best-seller" que se atreveu a dizer que a raça não é a questão principal é um grande projeto para um filme. E não posso deixar de agradecer por este ter sido realizado. A jornada da protagonista é interessante, porque o seu negócio é à base de palavras mas anda frustrada por não conseguir expressar por palavras aquilo que ela entrevê por instinto.
É por isso que o filme demora tanto tempo a ganhar ritmo, e isso é tremendamente acertado e muito audacioso. Por fim, ela lá encontra o caminho que conduz a um livro que é, aos olhos da América do Norte, altamente revelador. Foi publicado no meio da agitação do “Black Lives Matter”, e de certa forma calhou bem, não só pelas vendas formidáveis mas também por ajudar as pessoas de lá a compreenderem que o “Black” não é bem a questão central: “Marginalizado” é que é.
Algumas das cenas são arrebatadoras, opto por mencionar a cena do sofá e a cena da piscina. Magníficas. Mas gostaria que a realizadora/escritora tivesse abordado, para o bem do público americano, a parte “indígena americana” da questão. Mesmo que a protagonista não o tenha feito no original, o filme tinha a oportunidade de fazê-lo, e o facto de não o ter feito é muito revelador.
Se tivesse tido horizontes mais largos, podia ter sido mais grandioso do que acabou por ser. Uma pena.
Uma lição de Vida
Roberto Moreno
Vi este filme e gostei muito.
- Deveria ser obrigatório a sua exibição em todas as escolas e universidades do mundo.
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