Poeta, ensaísta, ficcionista, argumentista e realizador, Michel Houellebecq é um dos mais célebres e polémicos escritores franceses da actualidade. Provocador e controverso, é também famoso pelos ódios de estimação que, ao longo da vida, conseguiu despertar.
Os factos nos quais se inspirou o realizador Guillaume Nicloux para a fazer este filme em registo documental são simples: em Setembro de 2011, a meio de uma digressão para promover o livro "O Mapa e o Território" na Holanda e Bélgica, Houellebecq desapareceu sem deixar rasto. Nem a sua editora (Flammarion), nem o seu agente literário, nem os organizadores da digressão o conseguiam contactar. O escritor não respondia a "emails" e o seu telefone estava desligado. Multiplicaram-se explicações pela internet: conhecido pelos sarcasmos sobre o Islão, Houellebecq teria sido sequestrado pela Al-Qaeda... Ou raptado por extraterrestres. Quando, três dias depois, reapareceu, contou que a linha telefónica da sua casa de Almería (Espanha), onde morava, tinha sofrido uma avaria. Uma explicação trivial e muito decepcionante. A questão ficou sempre em aberto e foi nesse ponto que Nicloux pegou, propondo uma alternativa mais divertida: tinha sido um rapto, mas os sequestradores eram três amadores, funcionando como intermediários, que tinham levado o escritor (que se representa a si próprio) para uma casa isolada em plena província francesa. Mas, à medida que o tempo passa, Houellebecq começa a tornar-se amigo dos seus raptores, tornando a situação ainda mais bizarra e caricata…
Mostrado pela primeira vez no Festival de Cinema de Berlim, "O Rapto de Michel Houellebecq" recebeu o prémio de Melhor Argumento no festival Tribeca, em Nova Iorque. PÚBLICO