O filme "O Que Arde", rodado numa pequena aldeia envelhecida e subpovoada da Galiza (região natal do realizador Oliver Laxe), cercada por uma densa floresta, acompanha o retorno de um solitário pirómano cinquentão à humilde casa de sua mãe (uma camponesa octogenária), após cumprir pena de prisão.  Dotado de um "enredo" (quase inexistente) marcadamente não verbal (já que as palavras cedem espaço a um "arco narrativo" genericamente observacional), que mistura uma espécie de lirismo documental (visual - que fotografia de excepção! - e sonoro) com uma (ténue) linha ficcional naturalista (reforçada pelo recurso exclusivo a magnéticos actores não profissionais), estarrece-nos sobretudo a nivel sensorial (e de tal maneira que acaba por fazer-nos esquecer uma certa frustração intelectual decorrente de um argumento "sem rumo" definido e destituído de ritmo).