A necessidade de trabalhar e de manter o emprego para sobreviver está muito bem retratada neste espantoso filme. Um tema muito actual que desperta revolta e a excelente perfomance da Charlize consegue transmitir esse sentimento ao público. Um excelente drama que não dispensa o lenço de papel.

"North Country" é um filme americano. Muito. Tem uma vertente documental importante, descrevendo de forma credível a situação numa América que está longe de ser o país mais desenvolvido do mundo. Tem em Charlize Theron um trunfo. A sul-africana mostra-se cada vez mais madura em papéis dramáticos, fazendo muito bem o papel de vítima mas também de vilã (como em "Monster", onde também era vítima...). Ela, que na vida real é vítima de uma beleza indiscutível que levou muitos críticos a apontá-la como apenas mais uma "carinha laroca". Muito se falou da experiência pessoal da actriz, quando era jovem. Isso não é para aqui chamado. "North Country" usa e abusa do melodrama, em cenas que eram dispensáveis e mais parecem de um telefilme manhoso. Como o momento em que a personagem principal se dirige a um coro de mineiros que a insulta e que, pouco tempo depois, um a um, como uma daquelas músicas de fundo, se levanta e aplaude a emocionada mineira... Mas pronto... O filme não é assim tão mau. Teve foi demasiadas palmas...

Sem ela seria tudo mais pobre. Com ela é tudo mais rico. Os maus não são só maus e os bons não são espectaculares, Por isso vale a pena.

As conquistas sociais que hoje regulam a nossa vida profissional e que nos passam despercebidas têm sempre por detrás uma ou mais histórias de lutas mais ou menos longas ponteadas de retrocessos, atitudes fascizantes e muito, muito, muito choro escondido. Este filme bem que podia ter dado o Óscar de melhor actriz ao desempenho sublime de Charlize Theron, pois bem o merecia. Mais do que representar uma época, este filme retrata uma das maiores conquistas laborais dos últimos anos e que veio pôr em causa o tipificar de empregos "para homens" e "para mulheres". Recomendável a quem queira ser menos ignorante nesta matéria.

"Coragem é resistência ao medo, domínio do medo, e não ausência do medo" - Mark Twain. Minnesota, norte dos EUA, 1989 – Indústria mineira. Assédio sexual por parte de trabalhadores homens que sentem o seu lugar ameaçado por um crescente número de mulheres. Depois do magnífico "Whale Rider – Domadora de Baleias", Niki Caro volta a assombrar-nos com mais um excelente filme. A tónica feminista parece ser o principal interesse da realizadora. Sem ser mole nem insonso, "North Country – Terra Fria" é um excelente testemunho das atrocidades, psicológicas e físicas, no local de trabalho. A coragem de uma mulher é o ponto forte desta história verídica. A coragem de enfrentar o seu pai e todos os(as) que trabalham consigo e a coragem de expor-se, em tribunal, sobre a violação que sofrera enquanto adolescente.<BR/><BR/>Fabuloso conjunto de actores, onde se destacam Charlize Theron – magnífica, tão boa quanto em "Monster" –, Sissy Spacek, Frances McDormand e Sean Bean. A nova canção de Bob Dylan é simplesmente maravilhosa, bem como a banda sonora do imparável (eu, agradeço!) Gustavo Santaolalla. A não perder!