Nomadland - Sobreviver na América
Título Original
Nomadland
Realizado por
Elenco
Sinopse
Críticas Ípsilon
Postais da desolação
Um pequeno album de viagem a articular a beleza natural do midwest com a sua desolação social.
Ler maisCríticas dos leitores
Belo e sublime
Vicente Correia
Há filmes, há histórias que nos agarram, como que ficam agarradas à nossa pele e não mais nos conseguimos largar delas. Há filmes que parece que foram destinados a nos pertencerem. A história certa, a atriz certa, a personagem certa, o lugar certo, a música certa. Nomadland é tudo isto e muito mais. Deixo alguns adjetivos para a descrever ainda que não seja possível explicar por palavras o que senti. É profundo, sublime, belo e arrebatador. Nomadland conta a história de uma mulher, interpretada de forma notável e soberba por Frances McDormand, que perde tudo, emprego, trabalho e casa, na sequência da crise económica de 2008 e para somar a todas estas perdas, vê partir o amor da sua vida, o marido. Em consequência disto, vê-se obrigada a partir do sítio onde viveu toda a vida e percorrer a América como nómada numa autocaravana. Neste caminho numa caravana, Fern parte com uma certa angústia e nostalgia, uma vez que esta é uma solidão que lhe é imposta pelas circunstâncias. Mas, no desenrolar da história, Fern acaba por manter e preservar essa solidão, adotando com todo o gosto o nomadismo. Eu chamaria solidão acompanhada. Pode parecer um paradoxo mas aplica-se a esta mulher. Na deambulação pela América encontra mulheres e homens que carregam também as suas perdas, as suas dores e os seus fantasmas. E há ali uma espécie de encontro de almas em que se estabelece uma união entre todos, uma união na dor, e um lugar de apoio e amparo. Afinal apesar de não ter casa, ela tem um abrigo, um teto, que são aquelas gentes que ela vai encontrando ao longo do caminho e que a amparam e de alguma forma a salvam e ajudam a lidar com a sua dor. Uma dessas pessoas é Swankie, uma mulher que descobre que tem cancro no cérebro e que parte numa caravana para a viagem final, que parte para viver. Ela diz mesmo que num dos sítios onde esteve viu as andorinhas a ter filhos, a água a correr e o vento a passar e percebeu que se morresse não se importaria, já valeria a pena ter vivido só por estar a ver aquilo. Que lição! E que mulher extraordinária. Quando morreu, os seus amigos juntaram-se todos à volta da fogueira para celebrar a sua vida, atirando pedras e dizendo: “See you down the road” (Vejo-te na estrada). Numa das passagens mais belas do filme, vemos Fern a declamar poesia e no final dizendo a Bob Wells que tudo o que é recordado e lembrado vive (“What’s remebered, lives”) tal como o seu marido, enquanto ela existir ele viverá e enquanto ela se lembrar dele e o celebrar, ele viverá. Como disse Bob não há nunca uma despedia final. Há sempre um- See you down the road. Fern, uma nómada, uma alma à deriva, que tal como todos nós anda na busca de um sentido e de um amparo nos outros e na natureza. Nomadland é daquelas pérolas que nos obrigam a parar para olhar, para ver, para reparar e para abrandar e viver no ritmo destas pessoas. Num tempo onde a rapidez e a velocidade comandam as nossas vidas, este filme é um espaço que convida precisamente ao oposto, à reflexão e à vivência do belo e do sublime. É seguramente um dos filmes da minha vida.
Nomadland
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