In America?
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Quanto ao novo movie de Jim Sheridan, palavras para quê? O homem que dirigiu "O meu Pé Esquerdo" e "Em nome do Pai" só poderia fazer algo assim, grandioso, mágico e comovente. O argumento (semi-autobiográfico) é assinado pelo realizador, em parceria com as filhas Naomi e Kirsten Sheridan. A dedicatória, no final, vai para outro elemento do clã Sheridan, cujo nome é (e aqui não há coincidências) o do filho desaparecido do casal-protagonista Johnny e Sarah, brilhantemente interpretado por Paddy Considine e Samantha Morton, respectivamente. Aliás, dirigir actores é, entre outras coisas, o que Jim Sheridan faz de melhor. O título é "In America", mas não é sobre a América. Passa-se em NY, mas não é sobre NY (onde não faltam "agarrados", travestis...). Aborda a questão da imigração, mas não é sobre imigrantes (neste caso, irlandeses). É, isso sim, sobre o olhar de duas meninas Christy e Ariel (Sarah Bolger e Emma Bolger), que, à sua maneira, "carregam nos ombros" uma mãe e um pai destroçados com a perda do irmão. São elas o elixir do filme. São elas (ou melhor, os três desejos cedidos pelo irmão morto a Christy) que "salvam" a mãe e, principalmente, o pai, obrigando-o a dizer adeus ao filho desaparecido e a dar as boas-vindas ao recém-nascido, Mateo. Mateo (Djimon Hounson): o nome do "homem que grita", que, tal como o ET de Spielberg (personagem preferida de Ariel, nome de Anjo), na hora da despedida (entenda-se, morte) parte rumo a "casa", porque, diz-lhe ele, em jeito de segredo, "sou um extraterreste". E ela acredita. Nessa e noutras cenas, a gente (se for piegas, como eu) comove-se, sorri e deixa cair a(s) lágrima(s)... Sim, é um filme lacrimante. Mais: intenso e, ao contrário das más-línguas, não vi qualquer facilitismo e nada de desonesto, entre outras babuseiras (des)escritas pela "especialidade". Para ver e chorar por mais. (O panasca leitor certamente irá gostar da resposta de Mateo a Johnny, quando este, furioso, lhe pergunta "Estás apaixonado por ela (Sarah)?", ao que "o homem que grita" responde: "Não, estou apaixonado por ti..." - E o resto não digo!)
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