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Mektoub, Meu Amor: Canto Primeiro

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Comédia Romântica 181 min 2017 M/12 31/01/2019 ITA, FRA

Título Original

Mektoub, My Love: Canto Uno

Sinopse

<div>Verão de 1994. Depois de um ano intenso a estudar em Paris, Amin, um aspirante a fotógrafo e argumentista, regressa à pequena vila portuária onde nasceu, no Sul de França, para passar os meses de férias. Estes dias vão ser uma espécie de regresso às origens, com jantares em família, praia e noitadas com os amigos de sempre. E vão ser também o cenário para uma grande a história de amor... Até conhecer um importante produtor de cinema que lhe propõe filmar um argumento da sua autoria.</div> <div>Em competição pelo Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza, um filme do franco-tunisino Abdellatif Kechiche ("A Esquiva", "O Segredo de um Cuscuz", "Vénus Negra", "A Vida de Adèle"). É o primeiro tomo de um projecto de três filmes inspirados em "La Blessure, la Vraie", escrito por François Bégaudeau (que também motivou Laurent Cantet a realizar o filme "A Turma"). PÚBLICO</div>

Críticas dos leitores

Mektoub, meu amor: canto primeiro

Fernando Oliveira

Um filme muito bonito. <br /><br />Com um argumento adaptado por Kechiche de uma história de François Bégaudeau é um filme onde parece que nada acontece. O ano é 1994, Amin desistiu do curso de Medicina, gosta de fotografar e de escrever. Está de férias de Verão em Séte, cidade portuária no sul de França (era também lá que era contada a história de “O segredo de um cuzcuz”) onde vivem a família e os amigos. Depois são rapazes e raparigas, dias na praia e noites nos restaurantes e discotecas, comida, copos e dança, engates; e Amin que se comporta como o olhar de Kechiche, as raparigas “dançam” ao seu redor, mas ele parece distante, parece que sente, vendo e ouvindo. Bebe e observa, e gosta que elas falem com ele, e elas falam, contam-lhe o que sentem; Kechiche e Amin gostam de impressões, são sensualistas. Neste olhar de alguém que assim “está de fora”, Kechiche esquece a narrativa, que muitas vezes “evolui” apenas nos diálogos entre os personagens; e privilegia uma liberdade imagética em que a beleza dos corpos muitas vezes filmados em planos cerrados, os gestos sensuais e sexuais, são banhados pela luz deslumbrante do dia e inebriados pela excitação nocturna. Faz-nos sentir um afastamento da impressão de realismo, que contraria a simplicidade destas histórias quase sem história que nos puxa para ele. <br />Mas nesta narrativa suspensa há pelo menos uma história a pairar (afinal este é o “canto uno” de três), porque Amin (Shaïn Boumedine) está apaixonado por Ophélie (Ophélie Bau), mas esta está noiva e quase a casar com um embarcadiço, e é amante de Tony, primo de Amin e um mulherengo, Amin é amigo e confidente de Ophélie e vive este amor vendo e ouvindo as suas histórias e problemas; e há Céline (Lou Luttiau) e Charlotte (Alexia Chardard), duas turistas que Amin e Tony engatam na praia, Céline vai borboleteando ao redor das indecisões de Amin e Charlotte envolve-se com Tony e vai sofrer com a sua inconstância. No fim desta primeira parte, Céline volta a aproximar-se de Amin, e este encontra Charlotte sozinha na praia ao entardecer, e ela convida-o para jantar no seu quarto… E como este é um filme de sentidos, é muito bonito e comovente este plano final em que Amin e Charlotte se afastam na praia. <br /><br />No olhar de Kechiche há muita melancolia. <br /><br />Haverá, até, um lamento neste olhar. Em 1994 tudo era muito mais livre que hoje, havia uma rebeldia mais pura. <br /><br />Este filme é mesmo muito belo. É um daqueles filmes que permanecem em nós durante muito tempo.
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4 estrelas

José Miguel Costa

Com o filme “Mektoub, Meu Amor: Canto Primeiro” o realizador franco-tunisino Abdellatif Kechiche não conseguiu atingir o nível de magnificência das suas obras-primas “O Segredo de um Cuscuz” e “A Vida de Adèle”. Para o efeito, por certo, terão contribuído as suas cenas longuíssimas (e algo repetitivas) sem grandes preocupações de enredo e conflito dramático (a narrativa surge como algo de somenos importância no seio do frenesim de corpos, saturados de testosterona e progesterona, em “movimento perpétuo”). Mas tal significará estarmos perante uma obra menor? Nada disso, pois o seu característico cinema orgânico/”carnal” e inundado de luz continua intacto (numa quase ode ao exotismo dos franceses de ascendência tunisina). <br /> <br />Ao longo de três horas filma com uma câmara de mão (incansável e “apaixonada” pelos seus personagens – que nos são expostos através de constantes grandes planos, para que não percamos qualquer “esboço” da sua sensualidade), os (des)amores e flirts (num realismo sem filtros) do “verão azul” de 1994 em Kechike (cidade piscatória do sul de França). <br /> Em constante festa (e só "descansamos" quando decide filmar, durante 10 minutos - quiçá, para "dar-nos folga para respirar"-, a quietude de uma ovelha a parir) vamos seguindo as interacções do grupo de amigos e familiares do cândido Amin (um jovem, de ascendência árabe, aspirante a argumentista e fotógrafo, que retorna à sua terra natal para gozo de férias) entre praia, discotecas, restaurantes … e muitas mulheres (de todas as proveniências e feitios). <br /> Um quase “home movie” (sem edição) de pessoas alheias que não nos cansamos de cuscar. Porquê? Eis a questão …
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