Que dor de maxilares me proporcionou este patético filme! Nada a não ser os efeitos visuais se aproveitam, num filme totalmente desconexo do videojogo. O que mais me choca é que Mark Whalberg tenha aceitado fazer isto. Mas bem vistas as coisas, ele até aceitou fazer o «The Shooter», por isso mau gosto é mesmo com ele! Como é possível que ele tenha estado tão bem em «The Departed»? Resposta: em «The Departed» ele é dirigido por Martin Scorsese, em «Max Payne» ele é dirigido por um indivíduo que quer ser realizador de cinema.

Quem diria... Realmente conseguiram estragar uma bela obra de arte (o videojogo) para fazes este amontoado de fezes em decomposição. O filme não tem nada a ver com o jogo, perde completamente o nexo da historia original e falha em captar pontos vitais que ao não serem referidos ou transmitidos ao espectador simplesmente retiram tanto do filme como do espectador interesse. É bom para mandar umas gargalhadas de tão mau que é. Deviam restituir-me o dinheiro

O trailer e a história por de trás prometia um filme de acção e aventura com excelentes efeitos especiais (um cruzamento entre Sin City e Constantine) mas ficou-se só pela promessa.... A história seria excelente se estivéssemos entretidos com momentos de acção mas infelizmente os momentos de acção foram esparsos (apesar de bons) o que deixou a descoberto a fragilidade e inconsistência da história. Para os fãs de filmes de acção misturados com o fantástico (ou simplesmente de acção) mais vale irem rever o Constantine. Desilude e muito este filme.

Max Payne é o resultado da visão multi-cultural que caracteriza a sociedade moderna. Longe vão os tempos das culturas compartimentadas, herméticas, seladas. Esta história é uma súmula disso mesmo: filme americano baseado em jogo finlandês que por sua vez é o resultado da fusão da mitologia nórdica com o efeito “bullet-time”, muito utilizado no Matrix. Max Payne é sem dúvida Vidar, deus do silêncio, discrição e da vingança que se enfia na boca do lupino gigante (Jack Lupino, o soldado demoníaco) e a rasga a meio para vingar a morte do pai. Mas as relações directas entre os papéis das personagens na mitologia e no filme acabam aqui. Os Aesir são as divindades do céu e da ordem. Na história são os responsáveis pela morte da família do herói. As Valquírias são belas mulheres louras de olhos azuis, deidades menores que seleccionam os bravos mortos em batalha. O realizador decidiu utilizá-las para infundir terror e dúvida no espectador, sendo difícil decidir se é melhor vê-las ou vislumbrá-las, conseguindo uma impressão estética estonteante. Com a voz da mulher de Max Payne: “Not yet” a ecoar-nos nos ouvidos surge a ficha técnica. Algo me diz que falta muito para o nosso herói lutar, como bravo morto em batalha, no Ragnarök (o Armagedão nórdico). Fica a certeza das sequelas.