Maigret e a Rapariga Morta
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Sinopse
Gérard Depardieu veste a pele do célebre detective parisiense Jules Maigret, uma criação literária do belga Georges Simenon. Passado na década de 1950, este mistério baseado no policial homónimo de 1954 envolve o cadáver de uma jovem mulher que não tem nada que a identifique, o que dificulta toda a investigação.
Maigret volta assim aos ecrãs de cinema, algo que não acontecia desde o final da década em que a história se passa, quando Jean Gabin lhe deu corpo, tendo sido relegado para os ecrãs de televisão nos largos anos que se seguiram. PÚBLICO
Críticas Ípsilon
Gérard Depardieu: um Maigret imponente
Patrice Leconte fez uma bela adaptação de Maigret, fiel ao espírito dos romances de Georges Simenon e com um Depardieu imponente.
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Maigret e a rapariga morta
Fernando Oliveira
Maigret está enorme, disforme (habita o corpo de Gérard Depardieu), está velho e doente, custa-lhe subir escadas por exemplo, o médico proibiu-o de fumar, nem comer lhe apetece. Parece que a preguiça tomou conta da sua vida.
Numa loja uma jovem mulher aluga um vestido de alta-costura; está nervosa, insegura, mostra uma enorme timidez. Mais tarde invade uma festa de noivado e é de lá expulsa pelos noivos. Mais tarde o seu corpo é encontrado morto, esfaqueado cinco vezes.
Estamos em Paris, época incerta, meados do século passado (é referido o ano de 1937 a propósito do vestido), e é Maigret que investiga o crime. Ninguém, nem nada, consegue identificar a mulher, e para ele é tão importante encontrar o assassino como dar um nome à mulher.
Em Paris, nessa época, pululam jovens mulheres que fugiram da miséria da província francesa para, muitas delas, caírem noutro tipo de miséria. Maigret vagueia pela investigação, olhar triste, um sorriso esboçado, vendo coisas, reparando em pormenores que mais ninguém vê e repara, sentindo as pessoas.
Tem a ajuda de uma jovem, Betty, que apanhou a roubar, “transformando-a” em Louise (pensamos em “Vertigo”, a madeixa…) para descobrir o que aconteceu. Há em Maigret um peso que o esmaga, a morte da sua filha ainda jovem, a relação dele com as duas jovens, a maneira como “encaminha” Betty, parece ser uma espécie de ultrapassagem a essa tragédia. Patrice Laconte encena tudo isto de uma forma bastante sensível, vagarosa, deixando-nos ver os olhares, os gestos, olhando para o que conta como Maigret olha para os pormenores. Sentimos a respiração da história.
E há Depardieu, actor extraordinário que interioriza de forma sublime a maneira única como Maigret olha para os outros, um olhar que deambula entre a ternura e a compreensão das razões do outros personagens. Só por ele “Maigret e a rapariga morta” valeria a pena, mas o filme vale também muito pelo que tem de Cinema. Belo filme. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")
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