Os Irmãos de Leila
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Elenco
Sinopse
Críticas Ípsilon
Por um punhado de moedas de ouro
Retrato, bastante severo, da vida iraniana citadina de todos os dias, conservando uma dimensão crucial de fábula económica.
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5 estrelas
José Miguel Costa
Em junho fiquei arrebatado com a primeira longa-metragem do iraniano Saees Roustaee (33 anos)", "A Lei de Teerão" (de 2019, mas estreada tardiamente devido à pandemia). Poucos meses depois eis que fui novamente acometido por tal sensação ao visionar a sua recente obra, "Os Irmãos de Leila". Poderoso drama de ritmo intenso, repleto de segredos e dilemas morais, que nos insere num seio familiar à beira de um ataque de nervos, cuja disfuncionalidade é agudizada pela crise económica que grassa no país governado pelos Aiatolás. Este é constituído por 7 elementos: UM VELHO (desprezado por ser forreta, mesquinho e mentiroso, com um único objectivo de vida, a eventual nomeação a patriarca da comunidade, mesmo que para tal tenha que doar 40 moedas de ouro, enquanto o seu núcleo familiar vive na pobreza), A MULHER (invisível e desinteressada, apenas existe para carpir as doenças e atazanar a filha, que odeia com todas as forças, apesar da sua condição de quase escrava), 4 FILHOS HOMENS fracassados (o vigarista, que subsiste de tentativas de burlas; o gordo parasita, carregado de filhos, pouco amigo do trabalho; o fã do halterofilismo "fraquinho do cérebro"; o honesto/emocional e eternamente indeciso, recém-retornado ao lar, após despedimento da fábrica, e que até à data fugia a sete pés das "novelas mexicanas" dos parentes por lhe sugarem a energia) e A FILHA quarentona (a guardiã e o "cérebro" que sustenta todos eles - por ser a única inserida profissionalmente - e os "manipula"/gere implicitamente). Portanto, numa sociedade assumidamente patriarcal, na qual o poder de decisão da mulher é nulo, o papel de "homem da casa" é assumido pela "cidadã de segunda" (brilhantemente encarnada pela Taraneh Alidoosti). O realizador ironiza deste modo (com diálogos de grande impacto e muito humor à mistura) sobre as absurdas idiossincrasias hierárquicas do regime (embora não estejamos perante uma obra de cariz marcadamente panfletário), Para reforçar a mensagem transmitida faz-se valer de múltiplos (e competentes) truques visuais, nomeadamente, close-ups intoxicantes, ou campos e contracampos em ebulição constante que salientam a claustrofobia do espaço diminuto que habitam. E, qual cereja no topo do bolo, em dois momentos distintos (na cena do casamento e no encerramento), quase "vindo do nada", explode em cor e "festa" desbragada.
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