Se eu tivesse de escolher o actor que mais tem arriscado a sua carreira nos seus últimos cinco filmes, Denzel Washington estaria à cabeça na lista, juntamente com Al Pacino, Sean Penn e Clint Eastwood. Todos apostam claramente em filmes em que a representação está acima dos efeitos especiais ou de géneros definidos para públicos abrangentes e portanto a reacção do público é sempre inesperada, por melhor que seja a da crítica. Assim, longe do conceito "franchise" e "wire-fu" que tem dominado nos últimos anos o "box-office", atingem uma espécie de atitude monástica e distante em relação a argumentos a alta rotação com heróis mais ou menos invulneráveis, logo perfeitos cadinhos das frustrações do espectador. <br/><br/>Denzel tem sido o que aposta em filmes com mais rpm mas não abdica de uma dramatologia interessante, e este "man on fire" não é excepção. A relação improvável do segurança com a criança que protege, a forma como capta o espectador (que teme durante todo o filme que a criança se perca e assim tenha de ser cúmplice de um infanticídio) é muito bem conseguida e deixou-me muito bem impressionado, especialmente agora que vi ("a posteriori") "The Manchurian Candidate", um outro "remake" extremamente arriscado de um filme datado num assunto (controlo de mente) que não costuma dar grandes resultados nas audiências (talvez por pensarmos que os nossos heróis devam ser heróis por si próprios e naõ por via de "chips" e isso nos afaste desses filmes) e sem um "cast" de apoio por aí além. Vejam este filme a preparem-se para "The Manchurian Candidate" ;)