Na vasta obra de Vittorio Cottafavi, um realizador que sempre teve admiradores sofisticados, os melodramas ocupam um lugar central. TRAVIATTA 53 (note-se o inacreditável título comercial português) é um dos mais apreciados. Trata-se de uma transposição moderna de A Dama das Camélias, a história de uma "mulher fácil" que se sacrifica, deixa o homem que ama e acaba por morrer tuberculosa. O mais extraordinário neste e noutros melodramas realizados por Cottafavi nos anos 50 ("Una Donna Libera; Nel Gorgo Del Peccato") é que nada têm de rasteiro ou de kitsch, são obras interiorizadas, centradas à volta de personagens femininas, "mais capazes de atingir a total exasperação da dor", segundo as palavras do realizador.

Texto: Cinemateca Portuguesa