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Golpe a Frio
Título Original
The Ice Harvest
Realizado por
Elenco
Sinopse
É véspera de Natal, na chuvosa e gelada Wichita, no Kansas. Este ano, Charlie Arglist (John Cusack) talvez tenha alguma coisa para celebrar. Advogado dos negócios mais obscuros de Wichita, Charlie e o seu antipático sócio, o duro Vic Cavanaugh (Billy Bob Thornton), conseguiram embolsar a módica quantia de quase 2,15 milhões dólares do "patrão" de Kansas City, Bill Guerrard (Randy Quaid). <br/>
No entanto, o verdadeiro prémio para Charlie será a estonteante Renata com quem quer fugir da cidade. Mas uma tempestade abate-se sobre a cidade... Quando amanhece, toda a gente - do seu amigo à polícia local - começa a suspeitar do que realmente estará no sapatinho de Charlie. <p/>PUBLICO.PT
Críticas Ípsilon
Críticas dos leitores
Film noir no gelo
Rita Almeida (http://cinerama.blogs.sapo.pt/)
Na linha revivalista de “Kiss Kiss, Bang Bang”, “The Ice Harvest” junta todos os ingredientes do film noir: violência, dinheiro, sexo e traição. Wichita Falls, Kansas. Véspera de Natal. Charlie Arglist (John Cusack) é advogado do patrão da máfia Bill Guerrard (Randy Quaid - excelente nos seus breves minutos). Juntamente com o seu colega Vic Cavanaugh (Billy Bob Thornton) roubam dois milhões de dólares a Guerrard. O golpe corre bem, mas a fuga é adiada até ao dia seguinte por causa das estradas bloqueadas pela tempestade de gelo. À medida que a noite avança, Charlie vai de clube em clube, bebendo e tentando perceber em quem poderá confiar no meio de um labirinto de enganos. No seu caminho surge Pete (Oliver Platt), um grande amigo de Charlie, que decidiu embebedar-se nessa noite e esquecer-se da vida que leva ao lado da ex-mulher de Charlie, com quem casou.<BR/><BR/>E porque um "film noir" tem de ter a sua "femme fatale", existe Renata (Connie Nielsen), a dona de um bar de "strip-tease" por quem Charlie tem um encantamento especial, e demasiado parecida com a estrela dos anos 40 Veronica Lake para que não se perceba nela uma considerável dose de perigo.<BR/><BR/>Harold Ramis, realizador de “Groundhog Day - O Feitiço do Tempo” (1993), situa este filme algures entre “Blood Simple” e “Fargo” dos irmãos Coen, com o absurdo a camuflar uma crise existencialista, onde abunda o niilismo e a resignação. A interpretação de Cusack, apesar de forte, dá o espaço devido à contracena, especialmente ao sempre refrescante cinismo de Billy Bob Thornton. Cusack dá a Charlie a dose certa de pessimismo, melancolia, desespero e preocupação pelos outros. Charlie sabe que é uma má pessoa e não inventa desculpas para isso, e é impossível não ficar do seu lado. À semelhança do papel de Bill Murray em “Goundhog Day”, Charlie está preso a uma situação porque vive uma vida sem sentido, ainda que neste caso seja algo consciente.<BR/><BR/>Visualmente, o filme vai do branco imaculado ao néon azuis, do ambiente soturno dos bares ao minimalismo de uma casa. Dispensava-se o humor mais ofensivo, e tanta insistência em mostrar as meninas do "strip" a dançar. Mas, no global, a ausência de uma mensagem moralista em “The Ice Harvest” é a pedra de toque que deixa aquele pequeno incómodo no estômago. Como diz Charlie, tudo aquilo que fazemos é indiferente; bem ou mal, o resultado raramente é afectado pelo nosso comportamento.<BR/><BR/>É uma visão, no mínimo, desmoralizadora, mas não deixa de ser interessante pensar nisso. Nota: 3/5.
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