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Eu e Tu
Título Original
Io e te
Realizado por
Elenco
Sinopse
<p>Lorenzo (Jacopo Elm Antinori), de 14 anos, é um jovem tímido e anti-social que, apesar disso, se recusa a cumprir uma existência banal. Do que mais gosta é ler e ouvir música. A sua maior ambição é viver só, sem conflitos, ruído ou qualquer tipo de interferência. Para isso, durante uma semana de férias, diz aos pais que vai esquiar com um grupo de amigos e resolve esconder-se na cave da sua casa. Mas tudo muda quando Olivia (Tea Falco), a sua meia-irmã, chega para uma visita inesperada. Conhecê-la vai alterar radicalmente a maneira como Lorenzo vê a vida. Olivia torna-se assim a sua melhor amiga e confidente, que lhe ensinará tudo o que ele nunca aprendeu sobre o mundo ou sobre como sobreviver nele...<br />Depois de "Os Sonhadores", em 2003, "Eu e Tu" marca o regresso à realização do veterano Bernardo Bertolucci ("O Último Tango em Paris", "O Último Imperador", "Um Chá no Deserto"). A história inspira-se na obra homónima escrita, em 2010, pelo italiano Niccolò Ammaniti. PÚBLICO</p>
Críticas Ípsilon
Rapaz só, rapariga só
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Eu e tu
Fernando Oliveira
De Bertolucci sempre gostei muito daqueles filmes em que ele mostra a solidão dos personagens perante a sensação mais íntima da ausência de uma ideia de futuro; se a personagem de Brando em “O último tango em Paris” será a mais lembrada, gosto muito mais da representação da vastidão solitária da personagem interpretada pela Debra Winger no dolorosamente belíssimo “The sheltering sky”. Gosto também muito da forma como filma os adolescentes a viverem as convulsões do seu próprio crescimento: seja no seu primeiro filme, “Antes da revolução”; em “La luna”, que ecoa na cena do restaurante neste “Eu e tu”; ou em “Os sonhadores”, em que o sexo e os filmes contrapõem, na passagem à idade adulta dos personagens, os ares revolucionários da época. Tudo isto está presente neste seu filme de 2012. Em “Eu e tu” existem dois adolescentes apanhados naquela idade em que tudo deixou de fazer sentido: as coisas da meninice (nele), a rebeldia juvenil (nela) deixaram de preencher uma ideia de presente, e o futuro não lhes interessa. Lorenzo (Jacopo Olmo Antinori) aproveita uma viagem da escola para, mentindo à mãe, se esconder na cave do prédio onde vive; prepara tudo para viver uma semana sozinho, percebe-se o seu desenquadramento social, a estranheza comportamental, mas esta opção dá ideia de ser só porque não lhe apetece estar com ninguém. Só que pela porta lhe entra a meio-irmã (uma espantosa interpretação de Tea Falco), que procura tanto um lugar para dormir como um sítio para tentar uma desintoxicação de drogas por sua conta e risco. Do conflito entre os dois vai surgir uma intimidade, mais uma capacidade de aceitação, que pelo apaziguar do passado, da “herança” comum (tema também recorrente em Bertolucci, e que está magnificamente encenado no extraordinário momento em que os dois dançam ao som de “Ragazzo solo, raggaza sola”, versão italiana de “Space oddity” de Bowie), vai abrir uma possibilidade aos dois de um presente mais feliz (a cena final, que primeiro se abre para os dois personagens na rua e depois se fixa num sorriso da personagem de Lorenzo). <br />Adaptando Niccolò Ammaniti, Bertolucci filma com uma magnífica simplicidade uma história com uma coreografia e uma cenografia que são necessariamente minimalistas, um filme belíssimo que infelizmente passou quase despercebido aquando da sua exibição nas salas de cinema. <br />(em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.pt")
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Lorenzo e Olivia
J.F.Vieira Pinto
<p>Provocatório e a roçar o incesto, as perguntas à mãe sobre o fim do mundo (se sobrevivessem apenas os dois, teriam de assegurar a espécie) mostra-nos que Lorenzo (uma surpresa a seguríssima interpretação de Jacopo Olmo Antinori), vive a sua idade (14 anos), com a perfeita e natural "confusão". Mimado ou "psicopata", conforme lhe chama Olívia, a "intrusa", que lhe vai "estragar" a quase perfeita reclusão na cave. <br />E é durante essas falsas férias que Lorenzo toma conhecimento de "factos" que geralmente são sonegados aos "menores" das famílias: ao jovem tímido ser-lhe-á facultada, informações cruciais sobre a sua família, importantes para a sua entrada na idade adulta. <br />Depois do clicherento "Sonhadores" (2003), este "Eu e Tu" até acaba por ser uma agradável surpresa. Bertolucci volta a apostar na juventude com grande à vontade. A prova-lo, a excelente e "jovem" banda sonora que vai desde The Cure até David Bowie (excelente a versão italiana de Space Oddity). E será a música a dar nota positiva a este "Eu e tu". Bernardo Bertolucci, pela sua já longa carreira, merece-o e cujas obras como "O Conformista" ou "Tragédia de um Homem Ridículo" continuam a ser os seus melhores registos. (***)</p>
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