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Os Espíritos de Inisherin

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Comédia Dramática 114 min 2022 M/14 02/02/2023 IRL, GB, EUA

Título Original

Sinopse

O ano é 1923. Pádraic Súilleabháin e Colm Doherty (Colin Farrell e Brendan Gleeson, que já antes tinham participado em “Em Bruges”, do mesmo realizador) vivem numa pequena ilha irlandesa e são amigos desde sempre. Um dia, sem grandes explicações, Colm decide terminar a amizade e afastar-se – sem sequer explicar. Inconformado com a perda de um dos seus companheiros mais íntimos, Pádraic insiste numa reaproximação. Essa insistência vai fazer com que Colm, num acesso de teimosia, faça uma promessa algo inusitada: de cada vez que ele lhe dirigir a palavra, cortará um dos seus próprios dedos. O tempo vai passando e as coisas vão escalando, até chegarem a um ponto de não-retorno. 
Escrita e realizada por Martin McDonagh, esta comédia negra sobre a amizade e a arte teve a sua estreia no Festival de Cinema de Veneza, onde Farrell recebeu o Prémio Volpi Cup de melhor actor e McDonagh o Golden Osella para melhor realizador. “Os Espíritos de Inisherin” foi nomeado para oito Globos de Ouro – arrecadando três: melhor actor (novamente Farrell), melhor argumento e filme musical ou comédia –, e contou também com nove nomeações para os Critics' Choice Awards, dez para os BAFTA Awards e outras nove para os Óscares. PÚBLICO

 

Críticas Ípsilon

Brendan Gleeson e Colin Farrell, os homens intranquilos

Jorge Mourinha

Os Espíritos de Inisherin põe Martin McDonagh, inspirado argumentista, às turras com Martin McDonagh, desinspirado realizador; se não fossem os actores talvez não houvesse filme.

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Críticas dos leitores

Espíritos de Inisherin

Nuno Pinheiro

Soberbo!!! Narrativa fantástica. Atores poderiam e deveriam ter ganho os Óscares, assim como o argumento.

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3 estrelas

José Miguel Costa

O cineasta britânico Martin McDonag, que pulou para as luzes da ribalta com o magnifico "Três Cartazes à Beira da Estrada", retorna aos ecrãs de cinema com "Os Espíritos de Inisherin", uma intimista e dramática comédia negra sobre os limites da amizade (que subliminarmente pode ser percepcionada como uma alegoria à quase "eterna guerra civil" entre irlandeses). A história, que se desenrola no início da década de 1920 numa pequena e pacata ilha (fictícia) na Irlanda, tem como personagens centrais dois inseparáveis amigos de longa data, Pádraic e Colm (interpretados divinamente, por Colin Farrell e Brendan Gleeson, respectivamente), e passaremos a segui-los a partir do dia em que este último anuncia inesperadamente que a amizade entre ambos chegou ao fim, sem haver qualquer justificação plausível para tal tomada de posição (simplesmente havia deixado de gostar dele). Pádric não se conformou com essa decisão, pelo que, visivelmente deprimido, continuou humildemente a insistir numa reaproximação. Todavia, quanto mais tentou tanto piores as consequências (que culminarão numa espiral de conflitos). Independentemente do argumento (escrito pelo próprio McDonag) ser efectivamente original/bizarro e induzir tensão, também não é menos verdade que o mesmo revela-se algo "curto" (parece estar sempre a "bater na mesma tecla" sem desenvolvimentos narrativos significativos). Vou ainda mais longe (ao arrepio da opinião generalidade): não fosse a perícia com que capta a bucólica paisagem rural, bem como a química emanada das performances da dupla de protagonistas, atrevo-me a afirmar que estaríamos perante um descartável filme banal.

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A ilha dos bons espíritos

Paulo Guerra

"Os Espíritos de Inisherin". Há lá uma burrinha que se chama Jenny. E um homem que quer ser Mozart. Com acção lenta e pachorrenta, como as brumas de Avalon, passada em 1923, numa Irlanda dividida já pela ira e pela guerra civil, numa ilha para lá de remota, vi esta noite, como se fosse uma prece, "Os Espíritos de Inisherin", um dos filmes mais falados deste ano. Acompanhamos a vida simples e sem enredo de dois amigos, Pádraic (Colin Farrell) e Colm (Brendan Gleeson), a partir do momento em que Colm põe inesperadamente fim à amizade. Porque sim. Porque acha que já não gosta dele. Porque quer agora preocupar-se em ser sublime e cultivar apenas conversas que possam conduzi-lo à eternidade, o que nunca conseguiria com os seus quotidianos e repetidos diálogos com o amigo «bronco» que apenas sabia falar de colheitas e sementeiras, papas de pequeno-almoço, madrugadas estafadas, da sua burra Jenny, do leite que precisava de distribuir... Quer ser lembrado como Mozart o foi, ele que compõe cantatas em violino frouxo. Numa aldeia maior que a vida, pois cabe nela o mundo inteiro, há o idiota que quer apaixonar-se pela irmã de Pádraic, o padre que pragueja e recebe recados nas confissões, a bisbilhoteira da loja que abre as cartas dos seus convivas, o polícia abusador e crápula, a velha assombrada que vomita presságios e mal ou bem olhados... Ali só se ouvem os tiros ao longe. Como se ali não houvesse guerra. Mas há-a. Entre os silêncios que não se aceitam, as mágoas que não se tecem, os livros que não se lêem. Há uma mulher que lê e por isso ninguém gosta dela. E há o desespero. De se estar só. De não se querer estar senão só. De se saber que, afinal, o nosso amigo não mais o quer ser. Como fugir da banalidade dos dias? Como enfrentar as estações sem cansaço no rosto? Porque decidimos cortar os nossos dedos e trocá-los pelo silêncio do nosso amigo? Porque ateámos fogo ao barracão do violinista como se fosse uma forma de perdão pelo seu desprezo? Porque é que Deus deixou de se interessar pela sorte dos burros miniaturas? Talvez tenha sido por isso que começaram os problemas da Santa Igreja (diz-se a dado trecho do filme). Tão próximos dos humanos. Tão longe dos humanos. A vida quer-se simples. O gosto pelas coisas simples aproxima-nos da divindade. Do bafo quente de Jenny, a burra insensata que pulula pela nossa casa como se fosse uma cria nossa. Da certeza de que a nossa dúvida existencial mais elementar é aquela que nos faz desejar uma chuva fria no rosto pela manhã, à hora em que nos mandam acender fogueiras no olhar dos outros. Dizem que aquela terra é erma, dura e maldita. Dizem que este tempo será um tempo abandonado por Deus. Mas não me parece que alguma vez tenha existido um tempo em que Deus se tivesse sentido realmente à vontade. Amei.

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