Emmanuelle
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Sinopse
Meio século depois da estreia do clássico erótico Emmanuelle – a adaptação ao grande ecrã, pelas mãos de Just Jaeckin, do livro escrito por Marayat Rollet-Andriane em 1959, sob o pseudónimo de Emmanuelle Arsan – a realizadora francesa de origem libanesa Audrey Diwan traz a sua versão actualizada.
Aqui, Emmanuelle viaja sozinha em trabalho de Paris para Hong Kong. Durante a estadia na cidade, ela explora o prazer e o erotismo, vivendo várias experiências dentro e fora do hotel, numa contínua busca por si mesma. Até que se cruza com Kei, um homem misterioso por quem se deixa fascinar.
Se o filme de 1974 deu a Sylvia Kristel o estatuto de estrela mundial, agora o papel principal cabe a Noémie Merlant, conhecida por interpretar a personagem Marianne emRetrato da Rapariga em Chamas. Diwan é também responsável por O Acontecimento, que lhe valeu o Leão de Ouro e o FIPRESCI na edição de 2021 do Festival de Cinema de Veneza.
PÚBLICO
Críticas Ípsilon
O remake de Emmanuelle – ou uma versão pretensiosa de Cinquenta Sombras de Grey
Este remake desperdiça até a força tradicional do erotismo.
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Emmanuelle
Fernando Oliveira
O filme de 1974 é o exemplo mais conhecido do “abraço”, muito popular nesses tempos, entre o cinema mainstream e a pornografia soft; embora fosse “vendido” como uma história sobre a liberdade de uma mulher às amarras morais sobre a sexualidade e o desejo, “Emmanuelle” não era mais do que um olhar absolutamente misógino, o mesmo que quando olhávamos para a “Playboy” ou para a “Penthouse”, sobre o corpo e o desejo feminino tudo embrulhado pelo exotismo e o “mistério” de postal turístico do sudoeste asiático.
É um filme péssimo, mas foi um enorme êxito (em Portugal, um ano depois do 25 de abril, foi um acontecimento). Mas a Emmanuelle de hoje não é essa Emmanuelle, e o filme de Audrey Diwan não pode ser o mesmo filme. Hoje filmar o desejo feminino, mesmo quando o olhar é o de uma mulher, é sempre um desafio politico, o olhar erótico sobre o corpo de uma mulher é “perigoso”.
Ficam então as perguntas: o que é que Audrey Diwan nos quer contar quando se propôs realizar uma nova versão de “Emanuelle”? Porquê e para que serve este filme? Emmanuelle ( Noémie Laurent) é uma inspectora de qualidade de uma cadeia hoteleira enviada para um hotel de luxo em Hong Kong porque este desceu uma posição num qualquer ranking, mas o verdadeiro objectivo é arranjar uma razão para despedir a gerente do hotel (Naomi Watts).
Ao “calor” e às cores do filme de Jaeckin, Diwan contrasta um lugar quase incolor, “frio”, é um lugar que não é um lugar, um labirinto por onde a personagem desliza desconectada de tudo e de todos, parece que até dela, um vazio. Uma deriva sem razoabilidade. Nada acontece. E o erotismo? Este e a pornografia serviram para torcer as regras morais e sociais comuns. Para “chocar” e ofender, para através da imposição do “caos” corroer as regras.
E aqui Diwan estatela-se (se calhar teve medo): olha para o corpo de Noémie Laurent sem desejo, sem envolvência, de “longe” mesmo quando olha de perto; foge de um relacionamento, que daria um ponto de vista ao filme, entre Emmanuelle e Margot, a gerente do hotel; e o envolvimento com a prostituta asiática e aquele japonês “misterioso” tange o ridículo na sua procura de um peso filosófico para a “procura”, não saberemos de quê, de Emmanuelle. O sexo como deriva tem de ser um estremecimento, tem de abrir brechas, e neste filme nada nos perturba.
Serão assim os tempos que correm, mas não é também para os pôr em causa que se fazem filmes (ou qualquer outra obra de arte)? A estranheza deste olhar de Diwan deixa-nos uma réstia de fascínio em “segundo plano”, mas o filme é uma enorme desilusão. Nada é a resposta às perguntas. (em "oceuoinfernoeodesejo.blogspot.com")
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