"Deuses e Monstros", de Bill Condon, é a evocação dos últimos dias de James Whale, autor de clássicos de terror da década de 30, homossexual, e que nos anos 50 foi descoberto morto numa piscina - em circunstâncias ainda hoje nunca esclarecidas. Em favor da ficção, é inventado, no filme, um jardineiro (Brendan Fraser), que chega a casa de Whale (Ian McKellen) para o desafio final da vida do cineasta envelhecido. Como o recente "A Sombra do Vampiro", que evocava Murnau e "Nosferatu", o terror e os primórdios de Hollywood são irresistíveis para um olhar entre o onírico e o "kitsch", que se delicia com os crepúsculos dos semi-deuses. "Deuses e Monstros", por exemplo, para além de esboçar os últimos dias de uma existência – é a adaptação por Bill Condon da novelização da vida de Whale, escrita por Christopher Bram – tenta fazer-se à imagem dos filmes de Whale ("Frankenstein", "The Bride of Frankenstein"), à sua teatralidade e ao seu humor.
Vasco Câmara (PÚBLICO)