"Crepúsculo", o novo filme do mexicano Michel Franco, vencedor do Leão de Prata para melhor realizador no Festival de Veneza, é um drama existencialista (filmado com subtileza formal e fazendo uso de uma narrativa "económica"), povoado por silêncios (e pela apatia crónica do protagonista) que mascaram conflitos interiores não desvendados no imediato (facto que mais tarde nos confrontará com a falácia dos nossos juízos de valor/estereótipos - quase sempre - precipitados e injustos). Esta obra (sobre)vive sobretudo da magnífica interpretação minimalista de Tim Roth, que dá corpo e alma a um homem sereno (e de "poucas falas") que se encontrava a gozar umas férias de luxo, com a família, em Acapulco, quando um evento trágico os obriga a regressar de urgência a Inglaterra (algo que Ele acabará por não concretizar, ficando a deambular sem tempo definido e sem quaisquer obrigações pela zona pobre da cidade, por alegadamente ter perdido o seu passaporte). Vejam e questionem-se sobre a conduta comportamental que (eventualmente) adoptariam caso se confrontassem com uma situação de natureza similar à do personagem central.