Chupa no Dedo

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Drama 96 min 2005 M/12 26/01/2006 EUA

Título Original

Thumbsucker

Sinopse

Justin Cobb (Lou Pucci) é um adolescente de 17 anos que ainda chucha no dedo. Ele quer parar, quer resolver os seus problemas e ser um adolescente "normal". Mas o chuchar no dedo esconde um problema maior: Justin acha que não é suficientemente bom e que a mãe o vai abandonar um dia. E a única forma de expulsar esse medo é chuchar no dedo. Sem isso, começa a ter comportamentos maníacos, o que torna o seu sonho de se encontrar ainda mais complicado. <p/>PUBLICO.PT

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A adaptação do livro "Thumbsucker" de Walter Kim é a estreia na realização de Mike Mills, realizador de vídeos musicais e anúncios, e da mesma escola de Spike Jonze e Sofia Coppola. A ver por este exemplo, o seu potencial não ficará atrás. Justin Cobb (Pucci), 17 anos, é um adolescente deslocado (como todos) que apenas encontra conforto para as grandes inseguranças e ansiedades da sua vida no seu polegar, chupando-o em busca de conforto e concentração. Hábito que o pai dele, a quem Justin trata pelo seu nome próprio Mike (D'Onofrio), encara com relutância (pela vergonha e pelas contas do dentista). A mãe, Audrey (Swinton, também produtora), adopta uma atitude mais compreensiva.<BR/><BR/>Mas enquanto Justin luta por definir a sua identidade, um e outro têm as suas próprias questões para combater. Mike vive com o desapontamento de uma carreira desportiva perdida, uma frustração que se manifesta nas suas fracas capacidades de comunicação e em cada conversa falhada com o filho. Audrey, em pleno desmoronamento, está obcecada com a estrela de cinema Matt Schramm (Bratt), e aproveita o seu trabalho de enfermeira para se aproximar de Schramm numa clínica de desintoxicação. Uma abordagem curiosa deste argumento, também de Mills, é que a angústia não é aqui monopólio dos adolescentes. Ser pai também não é fácil e as respostas não estão escritas em nenhum manual.<BR/><BR/>Além dos seus pais, uma série de adultos bem-intencionados tenta ajudá-lo a superar este comportamento "infantil": desde o seu dentista "new-age" e pseudo-psicólogo (Reeves) que o hipnotiza ao director do grupo de debate (Vaughn), que sugere o uso de Ritalin, a droga que as escolas americanas promovem para combater o Défice de Atenção e Hiperactividade. E até a estrela Matt Schramm lhe ensina inesperadamente umas quantas verdades. A medicação surte efeito: Justin excede todas as expectativas. A medicação reduz o gesto automático de chupar no dedo, mas começa igualmente a alterar a sua personalidade.<BR/><BR/>Começam então as experiências com drogas e com o sexo. Mas nenhuma delas lhe dá a sensação de preenchimento que ele acha que devia sentir. É finalmente o seu irmão mais novo, Joel (Offerle), que acaba por confrontá-lo com a realidade e o ajuda a perceber que todos têm as suas ansiedades e falhas e, em última instância, é isso que torna as pessoas interessantes. Chupar no dedo torna-se uma metáfora do que nos faz diferentes, e que isso não é necessariamente mau.<BR/><BR/>"Thumbsucker" não é um filme sobre como as pessoas se relacionam umas com as outras, mas sobre como se relacionam consigo mesmas. É um filme cheio de angústia, melancólico, introspectivo, mas imensamente divertido e inteligente. Realista na fragilidade das relações, mostra o adolescente como um ser humano racional, e não uma caricatura.<BR/><BR/>A representação de Pucci (que debutou em "Personal Velocity" de Rebecca Miller, de 2002) é de extrema naturalidade e credibilidade, o que lhe valeu um prémio em Sundance. A manter debaixo de olho. De salientar igualmente Vincent D'Onofrio, exímio na sua contenção. E, para cúmulo, até Bratt e Reeves têm participações interessantes.<BR/><BR/>"Thumbsucker" é um filme sólido, que faz lembrar um pouco "Igby Goes Down" (2002), de Burr Steers, onde as situações exageradas nunca deixam de ser credíveis. No entanto, apesar de se falar deles, os espectadores deste filme não serão maioritariamente adolescentes e os que o forem ver terão, certamente, uma surpresa.<BR/><BR/>Todos buscamos forma de lidar com as tensões e ansiedades. E possivelmente, muitos do problemas de Justin terminariam se ele apenas aceitasse o seu impulso em vez de o combater. Por vezes queremos tanto explicar a razão por que somos (sentimos) diferentes, que chegamos a acreditar que há algo de errado em nós. Mas o caminho mais simples talvez seja apenas aceitar a nossa humanidade.
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O adolescente como ser humano (Atenção: contém spoilers)

Rita Almeida (http://cinerama.blogs.sapo.pt/)

A adaptação do livro "Thumbsucker" de Walter Kim é a estreia na realização de Mike Mills, realizador de vídeos musicais e anúncios, e da mesma escola de Spike Jonze e Sofia Coppola. A ver por este exemplo, o seu potencial não ficará atrás. Justin Cobb (Pucci), 17 anos, é um adolescente deslocado (como todos) que apenas encontra conforto para as grandes inseguranças e ansiedades da sua vida no seu polegar, chupando-o em busca de conforto e concentração. Hábito que o pai dele, a quem Justin trata pelo seu nome próprio Mike (D'Onofrio), encara com relutância (pela vergonha e pelas contas do dentista). A mãe, Audrey (Swinton, também produtora), adopta uma atitude mais compreensiva.<BR/><BR/>Mas enquanto Justin luta por definir a sua identidade, um e outro têm as suas próprias questões para combater. Mike vive com o desapontamento de uma carreira desportiva perdida, uma frustração que se manifesta nas suas fracas capacidades de comunicação e em cada conversa falhada com o filho. Audrey, em pleno desmoronamento, está obcecada com a estrela de cinema Matt Schramm (Bratt), e aproveita o seu trabalho de enfermeira para se aproximar de Schramm numa clínica de desintoxicação. Uma abordagem curiosa deste argumento, também de Mills, é que a angústia não é aqui monopólio dos adolescentes. Ser pai também não é fácil e as respostas não estão escritas em nenhum manual.<BR/><BR/>Além dos seus pais, uma série de adultos bem-intencionados tenta ajudá-lo a superar este comportamento "infantil": desde o seu dentista "new-age" e pseudo-psicólogo (Reeves) que o hipnotiza ao director do grupo de debate (Vaughn), que sugere o uso de Ritalin, a droga que as escolas americanas promovem para combater o Défice de Atenção e Hiperactividade. E até a estrela Matt Schramm lhe ensina inesperadamente umas quantas verdades. A medicação surte efeito: Justin excede todas as expectativas. A medicação reduz o gesto automático de chupar no dedo, mas começa igualmente a alterar a sua personalidade.<BR/><BR/>Começam então as experiências com drogas e com o sexo. Mas nenhuma delas lhe dá a sensação de preenchimento que ele acha que devia sentir. É finalmente o seu irmão mais novo, Joel (Offerle), que acaba por confrontá-lo com a realidade e o ajuda a perceber que todos têm as suas ansiedades e falhas e, em última instância, é isso que torna as pessoas interessantes. Chupar no dedo torna-se uma metáfora do que nos faz diferentes, e que isso não é necessariamente mau.<BR/><BR/>"Thumbsucker" não é um filme sobre como as pessoas se relacionam umas com as outras, mas sobre como se relacionam consigo mesmas. É um filme cheio de angústia, melancólico, introspectivo, mas imensamente divertido e inteligente. Realista na fragilidade das relações, mostra o adolescente como um ser humano racional, e não uma caricatura.<BR/><BR/>A representação de Pucci (que debutou em "Personal Velocity" de Rebecca Miller, de 2002) é de extrema naturalidade e credibilidade, o que lhe valeu um prémio em Sundance. A manter debaixo de olho. De salientar igualmente Vincent D'Onofrio, exímio na sua contenção. E, para cúmulo, até Bratt e Reeves têm participações interessantes.<BR/><BR/>"Thumbsucker" é um filme sólido, que faz lembrar um pouco "Igby Goes Down" (2002), de Burr Steers, onde as situações exageradas nunca deixam de ser credíveis. No entanto, apesar de se falar deles, os espectadores deste filme não serão maioritariamente adolescentes e os que o forem ver terão, certamente, uma surpresa.<BR/><BR/>Todos buscamos forma de lidar com as tensões e ansiedades. E possivelmente, muitos do problemas de Justin terminariam se ele apenas aceitasse o seu impulso em vez de o combater. Por vezes queremos tanto explicar a razão por que somos (sentimos) diferentes, que chegamos a acreditar que há algo de errado em nós. Mas o caminho mais simples talvez seja apenas aceitar a nossa humanidade.
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