Benedetta
Título Original
Benedetta
Realizado por
Elenco
Sinopse
Críticas Ípsilon
Os maus hábitos de Paul Verhoeven
Depois da contemplação em Elle, não se esperava um divertimento kitsch. Mas ainda bem que Verhoeven não se tornou chic.
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Bendigamos...
Pedro Brás Marques
Misturar sexo com religião é receita garantida para o sucesso de qualquer produto televisivo e cinematográfico. A grande questão que se coloca é se o produto final é pertinente e equilibrado ou se resvalou para a vulgaridade.
Ora, quando falamos de Paul Verhoeven, estamos a abordar um dos mais conhecidos funâmbulos no que a esse “bom gosto” diz respeito. Há seis anos, a propósito de “Elle”, o seu filme anterior, escrevi sobre o realizador holandês que “a sua imagem de marca já vinha de trás, um cruzamento muito pessoal de violência e sexo, muitas vezes à beira do gore e da pornografia”. Em Benedetta, tudo isto volta a ser verdade, o que abona em favor da homogeneidade estética do realizador, mas ressuscita algumas das críticas que sempre lhe fizeram ao longo da sua carreira.
O filme conta a história duma menina que é colocada num convento, onde fará toda a sua vida. Desde nova que há nela sinais de qualquer coisa mística, que se espelha na aparente capacidade de prever o futuro e de miraculosamente se salvar de situações fatais. (Aliás, o seu próprio nome já é revelador…). Anos depois, adulta, exibe estigmas idênticas às chagas de Cristo e mergulha em transes, de onde emerge carregada de culpa, em que sonha sexualmente com Jesus. A sua repressão acaba por desaguar no envolvimento físico e emocional com uma noviça, o que perdura até ser descoberta. Ou seja, será que o amor carnal e o amor espiritual são duas dimensões inconciliáveis?
Histórias sobre religiosos que se dizem possuídos de poderes vindos da divindade não são novas. Sem esquecer o louco e histórico “The Devils”, de Ken Russell (outro de quem a expressão “mau gosto” anda sempre por perto…), recordemos “Agnes de Deus” onde Jane Fonda investigava uma noviça que afirmava ter sido engravidada pelo Espírito Santo, enquanto em “L’Apparition”, Vincent Lindon era um jornalista encarregue de perceber se a Virgem Maria tinha mesmo aparecido a uma jovem religiosa, sem esquecer a série de televisão “Messiah”, onde um novo Redentor havia aparecido no Médio Oriente. Também aqui permanece a dúvida em saber até que ponto as manifestações esotéricas são, ou não verdadeiras, ou tudo não passa de fabricação de "Benedetta", para manter a aura mística que lhe é reconhecida. Verhoeven quase que nos revela a verdade, mas deixa algo em suspenso, tal qual fez com o picador de gelo debaixo da cama, na cena final de “Instinto Fatal”…
As cenas íntimas de Benedetta com Bartolomea são explícitas e numa das visões, em que se dá um combate, o sangue e a carne rasgada são impudicamente mostradas ao espectador. Como já disse, sempre foi assim, basta recordar a nudez de Sharon Stone e a de Elizabeth Berkley em “Showgirls”, ou as chacinas de “Robocop” e “Starship Troopers”. A vontade de chocar é evidente, numa vertigem de exposição por vezes a rondar o mau gosto, como quando se usa uma estatueta da Virgem como dildo... Mas há algo que é inegável: Verhoeven sabe filmar. Desde a dinâmica entre os actores, aos planos abertos e, principalmente, ao espaço que ele sabe criar em locais fechados, qualquer filme seu é um deleite visual e “Benedetta” não é excepção. As cenas na Igreja e no interior do convento são académicas. A fotografia, especialmente nos momentos de pouca luz, é maravilhosa. Quanto aos actores, dois nomes consagrados, a britânica Charlotte Rampling e o francês Lambert Wilson (inesquecível, enquanto padre, em “Dos Homens e de Deus”) mas quem leva a palma é a belíssima Virginie Efira. É a segunda vez, este ano, que a ela me refiro, após o seu brilhante desempenho no delirante “Adieu, Les Cons”. Aliás, durante toda a década passada, a actriz belga soube construir uma carreira magnífica, à razão de três a quatro filmes por ano, especialmente no campo da comédia romântica. Já tinha acompanhado Isabelle Huppert em “Elle” e, agora, Verhoeven deu-lhe o papel principal. E “Benedetta” é ela, na sua complexidade, na sua loucura, na sua culpa, no seu desejo libidinoso. Não faltará muito, estou certo, para Virginie Effira atingir outros voos.
Um filme que podia ter sido muito maior, tivesse havido vontade de mergulhar de forma mais profunda na espiritualidade das personagens em vez de se investir na plasticidade e na superficialidade das exibições voyeurísticas, por muito belas que sejam.
2 estrelas
José Miguel Costa
Magnifica estória para devotos
Raul Gomes
Benedetta
Fernando Oliveira
Sacrilégio!! <3
Inês Junqueiro
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