Charlton Heston é Judah Ben-Hur, o belo herdeiro de um rico mercador judeu que vive na Jerusalém do século I com a mãe e a irmã. Educado de acordo com a doutrina judaica, Judah entra em rota de colisão com os ideais de guerra do seu amigo de infância Messala (Stephen Boyd), quando este regressa de Roma como comandante das legiões do Imperador, e os dois homens compreendem o fim da amizade que os unia. No dia seguinte, um incidente com uma telha solta, que atinge o novo governador da região quase provocando-lhe a morte, atira com Judah para as galés e com a reputação dos Ben-Hur para a lama. O seu ex-amigo Messala, que ordena a prisão da mãe e irmã de Judah, recusa-lhe ajuda e o condenado promete vingança. E a partir daqui, este parece ser o tema central do filme de Wyler: a busca da vingança. Mas "Ben-Hur" é muito mais do que isso: este drama épico, que ficou para a história do cinema pela famosa corrida de quadrigas no circo romano, serve-se da história individual de Judah para descrever a incompreensão com que o Messias, o "rei" dos Judeus, foi recebido até por aqueles que o esperavam; para contrapor as doutrinas romana e judaica (Messala representa Roma quando defende Marte, o deus romano da guerra; Judah é o rosto dos judeus quando apela a Eros, o deus grego do amor); e até para levantar o véu da corrupção de Roma. O filme de 15 milhões de dólares foi galardoado com onze Óscares da Academia, entre eles o de melhor filme, realizador e actor.<p> </p><strong>Carla B. Ribeiro</strong> (PUBLICO.PT)