Percebe-se a tentação em contrariar uma certa forma, hoje useira e vezeira, de fazer cinema . Entende-se, respeita-se e até se concorda com a insistência num cinema que não cede ao fácil, não recorre a malabarismos estilísticos para prender a atenção do espectador, não utiliza “jump- cuts” elipses e “inserts” a velocidade “warp” como se disso dependesse o interesse da narrativa, aliviando o espectador do “incómodo” de pensar e chegar, ele próprio, às suas conclusões sobre o que lhe é contado. Pessoalmente aprecio e gosto de ser “incomodada” por abordagens diferentes e que me obrigam a um esforço. No entanto, neste filme, o nível de detalhe é tanto que, ao fim de 100 minutos de tanto quotidiano minuciosamente escrutinado, a narrativa torna-se cansativa e redundante. Quando Viorel se vai entregar à polícia e o agente lhe faculta, solícito e brincalhão, uma caneta XPTO para que descreva os assassinatos cometidos só apetece rir. Não me ri porque já estava semi- adormecida na cadeira. O espectador sente-se, de facto, imerso no pântano que é a vida do personagem. Objectivo cumprido. Não são necessários tantos minutos para essa descoberta. É que qualquer ânimo, e agora falo do espectador, acaba por soçobrar.

Muito mau!!!